Imagem: Kyoto Shimbum
A preservação de patrimônios culturais, como tesouros nacionais e importantes bens culturais (重文), tornou-se um desafio significativo para templos históricos em regiões rurais do Japão. Sem renda consistente de turismo, como os grandes templos de Kyoto, e com a diminuição do número de apoiadores locais, muitos templos enfrentam dificuldades para financiar as obras de manutenção.
Um dos três grandes templos de Koko, o Zenzuiji, localizado em Iwane, na cidade de Koka, iniciou em outubro do ano passado a reforma do telhado de cipreste de sua sala principal, que é um tesouro nacional.
O custo total da obra é de 300 milhões de ienes, sendo que 10% do valor (32 milhões de ienes) deve ser coberto com recursos próprios. O último reparo foi em 1975, e os danos se agravaram ao ponto de partes do telhado terem sido cobertas com chapas de aço nos últimos anos.
O templo começou a economizar parte de sua receita de turismo há mais de uma década e, no outono de 2023, lançou uma campanha de financiamento coletivo para cobrir o déficit. No entanto, arrecadou apenas 6,7 milhões de ienes, bem abaixo da meta de 10 milhões. O monge-chefe Gyoko Umenaka afirmou: “Ainda estamos buscando doações e esperamos arrecadar o necessário até o final do ano”, demonstrando uma expressão séria.
O Jorakuji, um templo histórico da escola budista Tendai localizado na cidade de Koka, em Shiga, vendeu uma pintura classificada como bem cultural importante ao governo japonês por 208 milhões de ienes. A venda foi confirmada no dia 25 e visa custear a reforma do telhado de cipreste de sua sala principal, que é um tesouro nacional.
Embora o governo ofereça subsídios para a restauração de patrimônios culturais, pelo menos 10% dos custos devem ser arcados pelo próprio templo. Essa exigência evidencia as dificuldades enfrentadas por templos locais na preservação de bens culturais, especialmente aqueles com recursos financeiros limitados.
Para evitar a dispersão de tesouros nacionais, bens culturais importantes e patrimônios equivalentes, a Agência de Assuntos Culturais do Japão compra esses itens seguindo regulamentações legais. De acordo com o banco de dados da agência, entre os anos fiscais de 2020 e 2023, foram adquiridos anualmente entre 10 e 29 itens, incluindo de 3 a 9 bens culturais importantes. Um representante do departamento responsável afirmou: “As razões variam, mas, em geral, os itens são vendidos por dificuldades de gestão.”
A decisão do Jorakuji despertou sentimentos de empatia. Tesouros nacionais e bens culturais importantes, como pinturas, possuem rígidos padrões de manutenção, o que frequentemente leva templos locais a depositá-los em museus públicos.
Em alguns casos, os próprios monges nunca chegaram a ver os itens de perto. Um monge em Shiga relatou: “Se formos reparar os telhados de tesouros nacionais ou bens culturais importantes, teríamos que desembolsar dezenas de milhões de ienes. O apoio da comunidade local e as receitas do turismo não são suficientes, e, nessas condições, não consigo imaginar passar o templo para meus filhos“, expressando sua difícil situação.
Fonte: Kyoto Shimbum
