
Usuário de jogos online usando cartão de crédito (PM)
Os problemas envolvendo jogos online ilegais estão aumentando no Japão, embora sejam proibidos por lei. Os sites desse tipo, de fazer apostas, foram amplamente divulgados por celebridades e atletas.
São parecidos com o “Tigrinho” que se proliferou no Brasil, aumentando o número de viciados, endividados e até casos de suicídio.
Algumas pesquisas estimam que o Japão tenha aproximadamente 3,4 milhões de usuários, muitos deles viciados e com dívidas.
Kuruma Takahira, membro da dupla de comediantes Reiwa Roman, do Yoshimoto Kogyo, admitiu ter usado cassinos online por cerca de um ano desde o final de 2019, pediu desculpas e agora está afastado das atividades artísticas.
Outra celebridade, mas do mundo esportivo, Koki Niwa, medalhista de bronze no tênis de mesa nas Olimpíadas de Tóquio, foi indiciado como suspeito de jogos online ilegais e sua equipe rescindiu contrato em 30 do mês passado.
Um outro, Taisuke Yamaoka, do time profissional de beisebol Orix Buffaloes, foi suspenso das atividades em 21 deste mês, por suspeita de que era usuário dos jogos ilegais.
Jogos online ilegais e prisões
No ano passado 279 pessoas foram presas em todo o país por terem usado os jogos online ilegais, segundo a Agência Nacional de Polícia do Japão (NPA). Esse número mostra um aumento de 260% em relação ao ano de 2023. Entre essas pessoas há bombeiros, policiais e funcionários públicos e, claro civis, maioria jovem.
Esses sites ilegais oferecem acesso fácil, tanto pelo smartphone, tablet ou PC, para fazer apostas usando dinheiro ou criptomoedas em jogos típicos de cassino como bacará, roleta e eventos esportivos nacionais e internacionais.
Os usuários criam uma conta no site vinculada a uma conta bancária ou cartão de crédito, compram pontos para jogar ou prever o resultado de eventos esportivos e depois trocam os pontos ganhos por dinheiro. Ou, perdem muito dinheiro.
Mesmo que os sites sejam operados legalmente no exterior, no Japão é considerado “crime de jogo”.
E esses números de ofertas de jogos aumentam sem parar.
Têm noção da ilegalidade?

Cassinos online no smartphone (NHK)
Fazer apostas nesses jogos online ilegais aumentou durante a pandemia. Uma pesquisa realizada há 2 anos mostrou que 40% das pessoas reconhecem a ilegalidade. Mas, uma outra, realizada recentemente e divulgada em 18 deste mês, mostrou que o número aumentou para pouco mais de 70%. Isso é atribuído aos relatos de um comediante e de outras celebridades que sabem que são ilegais.
Vício, dívidas e depressão

Universitário não quis mostrar seu rosto (NHK)
O estudante universitário que apostou 5 milhões de ienes. Reconhecendo ser viciado em jogos online, a sua vida diária virou um caos. Atualmente está hospitalizado para tratamento.
“Eu pensava que os cassinos online eram uma ‘área cinzenta’. Mas quando você se registra pela primeira vez, ganha um bônus e pode jogar por vários milhares de ienes de graça.
Você pode ganhar pontos e dinheiro para usar em jogos, então a barreira para usá-los foi reduzida e eu comecei a depositar mais e mais”, declarou. Tornou-se viciado em apostas esportivas. “Sempre adorei assistir beisebol e futebol. Adicionar o elemento de jogo a isso torna tudo ainda mais emocionante. Eu não conseguia mais obter nenhum estímulo na minha vida diária que fosse melhor do que os jogos”, relatou conscientemente.

Foto ilustrativa de aposta esportiva (PM)
Admitiu que chegou a usar o cartão de crédito de sua mãe sem permissão. “Minhas dívidas cresceram tanto que desenvolvi depressão e não pude mais frequentar a universidade, mas mesmo enquanto estava de licença, quis apostar para pagar minhas dívidas”, conta sobre a arapuca desses jogos online ilegais.
É preciso buscar tratamento imediatamente
Os especialistas disseram que o vício nesse tipo de jogos ilegais aumenta rapidamente. E tende a piorar quando o apostador necessita pagar suas dívidas e joga mais e mais.
Recomendam que há necessidade de procurar ajuda o mais rápido possível, de psicólogo e psiquiatra, para fazer um tratamento sério.
Embora a polícia faça repressão, a cada momento surgem novos e muitos deles estão no exterior.
Fonte: NHK