
Foto do exército americano (arquivo da NHK)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, detalhou na noite de sábado (21), no horário local, e manhã de domingo (22) no Japão, os ataques contra 3 instalações nucleares iranianas. Em pronunciamento à nação, ele afirmou que o objetivo era destruir a capacidade de enriquecimento nuclear do Irã e deter a suposta ameaça nuclear.
“Hoje à noite, posso informar ao mundo que os ataques foram um sucesso militar espetacular. As principais instalações de enriquecimento nuclear do Irã foram completa e totalmente destruídas. O Irã, o valentão do Oriente Médio, agora deve escolher a paz. Se não o fizer, ataques futuros serão muito maiores e muito mais fáceis de executar”, ameaçou Trump.
“Por 40 anos, o Irã vem gritando morte à América, morte a Israel. Eles vêm matando nossos soldados, explodindo suas pernas e braços com bombas caseiras – essa era a especialidade deles. Perdemos mais de mil pessoas, e centenas de milhares de pessoas no Oriente Médio e no mundo morreram em consequência direta desse ódio.”
O exército dos EUA anunciou que usou bombas destruidoras de bunkers que ficam a centenas de metros no subsolo. As bombas especializadas são projetadas para destruir instalações subterrâneas profundas, em seu ataque às instalações nucleares iranianas.
Israel
Em seu discurso, o presidente dos EUA elogiou a ação das tropas norte-americanas em parceria com os militares israelenses.
“Haverá ou paz, ou tragédia para o Irã — muito maior do que vimos nos últimos oito dias. Lembrem‑se: ainda há muitos alvos. O de hoje à noite foi o mais difícil de todos, e talvez o mais letal. Mas se a paz não chegar rapidamente, iremos atrás dos outros alvos com precisão, velocidade e habilidade”, disse Trump.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu também se pronunciou no sábado. Ele agradeceu o apoio de Trump e disse que a ação era necessária para conter a ameaça de enriquecimento de urânio, negada pelo Irã. Nos últimos dias, Israel já havia bombardeado instalações militares e nucleares iranianas.
“Os ataques continuarão pelo tempo necessário para concluir a tarefa de afastar de nós a ameaça de aniquilação”, afirmou Netanyahu.
Contexto do ataque contra Irã
Acusando o Irã de estar próximo de desenvolver armas nucleares, Israel lançou um ataque surpresa contra o país no último dia 13, expandindo a guerra no Oriente Médio.
O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos e que estava no meio de uma negociação com os Estados Unidos para estabelecer acordos que garantissem o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual o Irã é signatário.
No entanto, a AIEA vinha acusando o Irã de não cumprir todas suas obrigações, apesar de reconhecer que não tem provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. O Irã acusa a agência de agir “politicamente motivada” e dirigida pelas potências ocidentais, como EUA, França e Grã-Bretanha, que têm apoiado Israel na guerra contra Teerã.
Em março, o setor de Inteligência dos Estados Unidos afirmou que o Irã não estava construindo armas nucleares, informação que agora é questionada pelo próprio presidente Donald Trump.
Apesar de Israel não aceitar que o Irã tenha armas nucleares, diversas fontes ao longo da história indicaram que o país mantém um amplo programa nuclear secreto desde a década de 1950. Tal projeto teria desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.
Terceira Guerra Mundial
Os EUA esclareceram no domingo, horário local, que o único objetivo foi destruir o programa nuclear e não derrubar o governo ou invadir o país.
A China e a Rússia condenaram o ataque ao Irã. Mas, não pretendem tomar nenhuma atitude para “defender” belicamente o Irã, portanto, por ora ficaria descartada a Terceira Guerra Mundial.
“Estou gravemente alarmado com o uso da força pelos EUA contra o Irã hoje”, disse o chefe da ONU, António Guterres, reiterando que não há solução militar.
“Esta é uma escalada perigosa em uma região já em perigo – e uma ameaça direta à paz e à segurança internacionais”, acrescentou.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou uma reunião de emergência, no domingo, horário local, após o ataque dos Estados Unidos a três instalações nucleares no Irã, para avaliar as ameaças à paz e à segurança internacionais.
O encontro, em Nova Iorque, foi realizado após o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, apelar para que o Conselho de Segurança da ONU convocasse a reunião.
Reação do Japão

Primeiro-ministro do Japão em coletiva de imprensa, tarde da noite de sábado (NHK)
O primeiro-ministro Ishiba disse aos repórteres, quase na virada do dia para domingo, que “o mais importante é acalmar a situação o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, precisamos impedir o Irã de desenvolver armas nucleares. Estamos acompanhando de perto a evolução da situação com grande interesse”.
Após o ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã, o Ministério das Relações Exteriores do Japão emitiu um “nível de perigo 1” para todos os territórios dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Omã e Catar na noite de domingo (22), pedindo à população que tenha extrema cautela.
O Ministério das Relações Exteriores afirma que não se pode descartar a possibilidade de a situação no Oriente Médio piorar rapidamente no futuro e pede que as pessoas fiquem atentas às informações mais recentes, incluindo a situação em torno das instalações dos EUA, e façam esforços para garantir sua segurança enquanto estiverem nesses países.
A Agência Nacional de Polícia do Japão (NPA) reforçou as medidas de segurança em embaixadas e outras instalações relacionadas no Japão:
- Embaixada dos EUA e Bases Militares dos EUA
- Embaixada de Israel
- Embaixada do Irã
Instruiu a reforçar as medidas de segurança em instalações relacionadas como essas, inclusive aumentando as patrulhas e interrogando indivíduos suspeitos.
Fontes: Agência Brasil, NHK e X