Tarifa dos EUA no Brasil tensiona relações e beneficia China (ilustrativa/PM)
A China propôs fortalecer os laços econômicos com o Brasil na segunda-feira (28), em defesa do que chamou de “justiça” no comércio global, poucos dias antes que abrangentes tarifas dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras entrem em vigor.
Este movimento adicionou mais uma camada de complicações diplomáticas a uma ruptura comercial em rápido aprofundamento entre Brasília e Washington. As tarifas estão programadas para começar na sexta-feira (1º).
Durante uma coletiva de imprensa em Pequim na segunda-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, afirmou que Pequim estava disposta a trabalhar em conjunto com o Brasil e outras nações do Brics e da América Latina para manter um sistema de comércio multilateral centrado na Organização Mundial do Comércio.
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Guo também destacou o interesse da China em expandir a cooperação com o Brasil no setor de aviação
A Embraer, uma importante produtora global de aeronaves comerciais de médio porte, depende fortemente dos Estados Unidos como seu principal mercado de exportação.
As novas tarifas potenciais suscitaram preocupações sobre a estabilidade financeira da empresa. As negociações para anunciar vendas de aeronaves durante a visita de estado do presidente chinês Xi Jinping a Brasília em 2023 não avançaram, apesar dos esforços iniciais.
“A China atribui importância à sua cooperação orientada para resultados com o Brasil, incluindo a cooperação na aviação. Estamos prontos para promover a cooperação relevante com base em princípios de mercado e impulsionar o desenvolvimento nacional respectivo”, disse Guo.
No início deste mês, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras, alegando o que descreveu como perseguição política a seu aliado, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que aguarda julgamento por participação em uma tentativa de golpe no início de 2023.
Terras raras
A China domina o mercado global de terras raras, fornecendo cerca de 70% da demanda global e possuindo uma parcela ainda maior da capacidade de processamento.
Nos últimos anos, Pequim tem usado essa dominância como trunfo em disputas comerciais, incitando os EUA e seus aliados a procurarem fornecedores alternativos. O Brasil, que possui as segundas maiores reservas conhecidas mundialmente, tornou-se uma opção cada vez mais importante.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, rejeitou publicamente qualquer tentativa dos EUA de pressionar o Brasil a ceder controle sobre sua riqueza mineral. Falando em um evento de energia no Rio de Janeiro na segunda-feira, ele criticou o que viu como oportunismo de Washington.
Com o prazo das tarifas a apenas alguns dias de distância, diplomatas brasileiros estão fazendo uma última tentativa para evitar uma ruptura comercial.
Fonte: SCMP
