Após troca de ataques, Tailândia e Camboja enfrentam escalada de tensões (ilustrativa/banco de imagens)
O primeiro-ministro interino da Tailândia alertou na sexta-feira (25) que os conflitos transfronteiriços com o Camboja, que têm deslocado dezenas de milhares de pessoas, “poderiam evoluir para uma guerra“, à medida que os dois países trocaram ataques mortais pelo segundo dia consecutivo.
Phumtham Wechayachai, primeiramente, afirmou que a gravidade dos confrontos está escalando, colocando vidas civis em perigo, e que a Tailândia está comprometida em defender seu território e soberania.
“Esta situação poderia potencialmente se transformar em uma guerra. No presente momento, ainda é considerado um confronto armado envolvendo armamento pesado”, disse Phumtham.
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Do lado cambojano da fronteira, onde a província de Oddar Meanchey relatou a morte de um civil — um homem de 70 anos — e cinco feridos, podia-se ouvir um constante estampido de ataques de artilharia.
Mais de 138 mil pessoas foram evacuadas das regiões fronteiriças da Tailândia, segundo o Ministério da Saúde, que relatou 15 mortes — 14 civis e um soldado — e mais 46 feridos, incluindo 15 tropas.
O exército tailandês disse que as forças cambojanas “realizaram bombardeios sustentados” usando armas pesadas, artilharia de campanha e foguetes durante a manhã de sexta-feira, e que respondeu de maneira apropriada, aconselhando civis a evitar as zonas de conflito.
O Ministério da Defesa do Camboja confirmou o bombardeio durante a noite e alegou controlar o local de dois templos em disputa e outra área, segundo o Khmer Times. Eles também relataram que 40 trabalhadores estão presos no templo de Preah Vihear, um dos pontos de conflito.
Famílias fugindo em veículos
Na cidade cambojana de Samraong, a 20Km da fronteira, jornalistas viram famílias fugindo em veículos com seus filhos e pertences enquanto tiros eram ouvidos.
A escalada dos confrontos na quinta-feira, que incluiu ataques aéreos tailandeses em bases militares cambojanas usando jatos F-16 e o ataque de Phnom Penh a áreas civis na Tailândia, seguiu-se a um impasse fronteiriço de meses que também levou a coalizão governante da Tailândia à beira do colapso.
Longa história de tensões fronteiriças
Os vizinhos partilham uma longa história de tensões fronteiriças, embora as relações tenham permanecido amplamente estáveis desde um conflito mortal em 2011 que deixou dezenas de mortos.
A última grande escalada centrou-se no templo de Preah Vihear, um ponto de tensão de longa data que remonta à era colonial francesa.
Grande parte da atual disputa surge de mapas desenhados com base em interpretações divergentes de tratados franco-siameses do início do século 20, que definiram a fronteira entre Tailândia e Camboja, então parte da Indochina Francesa.
Um conflito militar prolongado acrescentaria a múltiplos desafios econômicos para ambas as nações, incluindo a ameaça dos EUA de impor tarifas rígidas.
Diferentemente de vizinhos como Indonésia, Filipinas e Vietnã — que garantiram acordos comerciais com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump — a Tailândia, dependente das exportações, ainda não fechou um acordo.
Fonte: Japan Times
