
Brasileira, aluna do ginasial noturno, turma de 21 pessoas (KTV)
Uma jovem brasileira de 19 anos é o destaque de uma matéria especial da Kansai TV (KTV), estudante do primeiro ginasial noturno da província de Shiga. Ela quer se reeducar para realizar o sonho de se tornar professora.
Os 21 alunos matriculados têm idade entre adolescentes e 60 anos e vêm de diversas origens.
“Desde o ensino fundamental, tenho dificuldade para me comunicar e fazer amigos. Falo japonês, mas me preocupava se conseguiria expressar meus sentimentos aos outros”, explica Yume Irie, a brasileira.
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As escolas noturnas foram criadas originalmente no início da década de 1940, durante o caos do pós-guerra, com o objetivo de oferecer oportunidades educacionais a alunos que não puderam frequentar a escola regular.
Antigamente, havia mais de 80 escolas em todo o país, mas, nos últimos anos, seu número vem diminuindo. Diante disso, por que uma nova escola noturna foi criada agora?
Os fatores subjacentes são o aumento de alunos que abandonam a escola e o número de trabalhadores estrangeiros. Nesta escola, 12 dos 21 alunos são estrangeiros.
O governo nacional também está pedindo a todos os governos provinciais e municípios do Japão que estabeleçam pelo menos uma escola pública noturna.
Um dos motivos pelos quais a cidade de Konan (Shiga), se voluntariou para abrir uma escola ginasial é porque possui muitas áreas industriais e, de longe, o maior número de trabalhadores estrangeiros da província.
Em particular, há uma grande população de brasileiros com raízes no Japão, e a cidade é repleta de supermercados e restaurantes brasileiros.
A prefeita que pressionou pela criação de uma escola noturna
A prefeita Kayoko Matsuura, da Cidade de Konan explica: “Os estrangeiros são realmente apoiadores do Japão e têm o desejo de estudar aqui. Acredito que uma escola noturna seja um lugar que se pode realmente atender a essa necessidade”.
“Estou no Japão há 15 ou 16 anos, mas meu japonês ainda não está no nível ideal, então eu queria encarar o desafio de estudar a cultura”, disse um estudante chinês.
“Vim ao Japão pela primeira vez em 2006 e estou aqui desde então. Eu queria estudar japonês um pouco mais a fundo, e essa oportunidade me fez decidir tentar”, explicou outro aluno filipino.
(Re)estudar em escola japonesa

Yume na escola onde trabalha (KTV)
A brasileira Yume, que trabalha em uma escola primária japonesa, dá suporte às crianças que não são fluentes em japonês.
Na cidade de Konan, lar de uma grande população brasileira, muitas crianças e pais não são fluentes em japonês, então Yume atua como elo de ligação com os professores e oferece apoio durante as aulas.
A reportagem a acompanhou em uma classe e a viu ajudando as crianças a compreender o significado das palavras japonesas.
“Quero ser professora. Quero estudar muito para realizar meu sonho“, enfatiza.
Em casa, ela estuda com a mãe, que não é muito boa em japonês. A mãe, Regiane, explica: “Quando vim para o Japão, eu não tinha carteira de motorista nem carro, então pegava trem. Por isso, foi a primeira palavra que aprendi (kippu)”.
Quer ir para a faculdade para se tornar professora

Estudando com a mãe (KTV)
Yume nasceu no Japão e estudou em uma escola primária e ginasial, mas por causa das barreiras de comunicação, transferiu-se para uma escola brasileira. Como resultado, ela não possui as qualificações necessárias para concluir o ginásio em uma escola japonesa.
Para trabalhar e continuar vivendo no Japão, a brasileira optou por voltar a estudar.
“Não consegui me formar (na universidade), então quero que Yume faça faculdade. Ela cursou o ensino médio no Brasil, mas não foi para a universidade“, explica Regiane.
“Estude bastante de agora em diante, pois estarei aqui se precisar de alguma coisa”, encorajou a mãe.
“Meus estudos na escola estão ficando cada vez mais difíceis, mas acho que consigo estudar. Quero me esforçar para realizar meus sonhos“, fala a brasileira Yume animada.
As escolas ginasiais noturnas apoiam as pessoas que desejam estudar, independentemente de suas raízes, trabalho, estilo de vida e diversas outras circunstâncias.
Fonte: KTV







