
China aprova licenças para café brasileiro após tarifas dos EUA (imagem ilustrativa/PM)
A China autorizou quase 200 empresas brasileiras a exportarem café para seu mercado interno em meio a crescentes tensões comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos, após a imposição de uma tarifa de 50% pelo governo americano sobre o café brasileiro.
O anúncio feito no último fim de semana, com vigência a partir de 30 de julho, veio poucos dias depois da aplicação da nova tarifa nos Estados Unidos, que está programada para começar a valer na quarta-feira (6). Essa medida causou um impacto significativo na indústria cafeeira do Brasil, forçando exportadores a buscarem outros mercados.
A medida do governo chinês, válida por 5 anos, deve aumentar o envio de café brasileiro para um país onde a demanda está em constante crescimento.
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Embora o mercado chinês ainda seja pequeno em comparação, com importações de 530 mil sacas no primeiro semestre deste ano, sua relevância está em ascensão no cenário em que o acesso do Brasil ao mercado dos Estados Unidos enfrenta novas restrições.
Dados da indústria indicam que cerca de 85% da produção de Arábica de 2025 do Brasil, a variedade mais exportada para os EUA, já foi colhida. O café Arábica desempenha um papel fundamental no mercado americano, onde é frequentemente misturado com grãos mais suaves de outros produtores latino-americanos para agradar ao paladar dos consumidores.
O Brasil é responsável por 44% da produção mundial de Arábica, tornando-se um fornecedor difícil de substituir a curto prazo.
O volume é altamente incomum
Autoridades brasileiras celebraram a notícia das 183 novas licenças, apontando para o volume como algo altamente incomum. “Esse não é um número normal”, disse Vinícius Estrela, diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais. “As autorizações geralmente acontecem em lotes de 20 ou 30 empresas. Conseguir 183 de uma vez é um recorde.”
Ele destacou que embora o processo de negociação estivesse em andamento há meses, sua publicação no período pós-colheita ajudou os exportadores brasileiros.
Embora ajude, não substitui o mercado americano, acrescentou Estrela, dizendo que os compradores dos EUA ainda devem continuar a depender do suprimento brasileiro, apesar da tarifa.
Mas o mercado chinês, segundo Estrela, oferece mais do que apenas volume. Com a demanda por grãos de maior qualidade crescendo, o Brasil pode tentar construir uma reputação além do fornecimento em massa.
Fonte: SCMP







