
Ato em São Paulo (Paulo Pinto/Agência Brasil)
Foram realizados no domingo (21), horário de Brasília, em, ao menos, 30 cidades e 22 capitais, protestos contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, como ficou conhecido o projeto aprovado pela Câmara na última terça-feira (16), com milhares de manifestantes. A proposta, na prática, dificulta a abertura de processos criminais contra parlamentares.
Os atos contestam a proposta de anistia para condenados por tentativa de golpe de Estado. Dentre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão.
A mobilização dos manifestantes no domingo também foi feita por integrantes da base do governo no Congresso, bem como artistas, PT, PSOL, MST e outras entidades. Eles desaprovam o que chamam de “PEC da Bandidagem”, devido ao potencial de suspender a apuração de crimes.
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Atos musicais reuniram manifestantes
Em Brasília, o ato começou às 10h na frente do Museu Nacional. O cantor Chico César está confirmado para a parte musical do ato, cheio de manifestantes. Em Belo Horizonte, na Praça Raul Soares, começou às 9h, com a presença da cantora Fernanda Takai.
Em São Paulo, a concentração dos manifestantes foi em frente ao Masp, na Avenida Paulista, às 14h. No Rio de Janeiro, o movimento foi chamado para Copacabana contando com um show gratuito de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, cantando juntos em um trio elétrico, a partir das 14h.
Em vídeo nas redes sociais, Caetano disse que o movimento do Congresso, de aprovar regra que suspende investigações, não pode ficar sem resposta. “A gente tem que ir pra rua, pra frente do Congresso, como já fomos outras vezes. Voltar a dizer que não admitimos isso, como povo, como nação”, conclamou o cantor.
Outros artistas, como Djavan, Maria Gadú, o grupo Os Garotin e Marina Sena também confirmaram presença para alegria dos manifestantes.
PEC da Blindagem: o que é

Ato em Brasília (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A PEC da Blindagem, como aprovada pela Câmara em regime de urgência, prevê que qualquer abertura de ação penal contra parlamentar depende de autorização prévia, da maioria absoluta do Senado ou da Câmara.
Pelo texto, os parlamentares têm 90 dias para decidir se autorizam ou não a investigação criminal contra um colega, a contar de quando o Supremo enviar o pedido ao Congresso.
Defensores da medida dizem que a proposta é uma reação ao que chamam de abuso de poder do Supremo Tribunal Federal (STF) e que as medidas restabelecem prerrogativas originais previstas na Constituição de 1988, mas que foram mudadas posteriormente.
Retorno ao passado
Os críticos, por sua vez, acusam que a PEC é um retorno ao que vigorava antes de 2001, quando o Congresso aprovou uma emenda para derrubar a exigência de autorização parlamentar para se processar parlamentares.
Na época, a decisão foi tomada diante de centenas de casos de impunidade de senadores e deputados investigados em crimes que incluíam corrupção, assassinatos e tráfico de drogas que chocaram a opinião pública durante toda a década de 1990.
Movimentos de combate à corrupção também acusam os deputados que votaram a favor da medida de tentarem escapar de investigações em curso no STF sobre desvios na aplicação de emendas parlamentares.
Tramitação
Após ser aprovada em dois turnos na Câmara, a PEC foi enviada ao Senado, onde deve enfrentar resistência. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), demonstrou indignação com a iniciativa.
“A repulsa à PEC da Blindagem está estampada nos olhos surpresos do povo, mas a Câmara dos Deputados se esforça para não enxergar. Tenho posição contrária”, declarou o senador nas redes sociais.
Fonte: Agência Brasil







