
O primeiro a discursar na assembleia da ONU (Ricardo Stuckert/PR – Agência Brasil)
Na abertura do Debate Geral da 80.ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou “as sanções arbitrárias e unilaterais” dos Estados Unidos sem citar Trump, afirmando que o mundo assiste a um crescimento do autoritarismo.
“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral. Seu vigor pressupõe a redução das desigualdades, a garantia dos direitos mais elementares”, disse Lula.
Ele destacou que pela primeira vez em 525 anos da história do Brasil, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. A fala foi uma referência ao julgamento concluído neste mês pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados pela tentativa de golpe.
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O presidente também citou o potencial positivo e os perigos representados pelas chamadas big techs – empresas gigantes de tecnologia, alfinetando os EUA.
“A democracia também se mede pela capacidade de proteger as famílias e a infância”, defendeu, se referindo ao projeto que criou regras contra a adultização de crianças nas redes sociais.
Em um dos pontos mais duros de seu discurso, Lula criticou o que classificou como genocídio em Gaza, defendeu que os demais países reconheçam a Palestina como Estado.
Trump disse que “houve uma química” com Lula

Reprodução da ONU
O segundo a se apresentar, conforme tradição da assembleia da ONU, foi o presidente americano Donald Trump. Ele estava conferindo o teleprompter, mas interrompeu e passou a falar sobre o Brasil.
“Encontrei o líder do Brasil ao entrar aqui e falei com ele. Nos abraçamos. As pessoas não acreditaram nisso. Nós concordamos que devemos nos encontrar na próxima semana. Foram cerca de 20 segundos. Conversamos e concordamos em conversar na próxima semana”, disse o presidente norte-americano.
“Eu gosto dele e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas que eu gosto. Quando eu não gosto de uma pessoa, eu não gosto. Mas tivemos, ali, esses 30 segundos. Foi uma coisa muito rápida, mas foi uma química excelente. Isso foi um bom sinal”, disse Trump.
Na avaliação do presidente norte-americano, o Brasil tarifou os EUA “de uma forma muito injusta”, o que levou seu país a aplicar, de volta, as tarifas de 50% contra alguns produtos brasileiros.
“Fiz isso porque, como presidente, eu defendo a soberania e os direitos de cidadãos americanos”, pontuou. Também falou claramente que o Brasil está sendo taxado “em resposta à tentativa sem precedentes de interferir nos direitos e liberdades dos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, judicialização, corrupção e perseguição a críticos políticos nos Estados Unidos”.
“Lamento dizer que o Brasil está indo mal e continuará mal. Eles só poderão prosperar quando trabalharem conosco. Sem nós, vão fracassar, como outros já fracassaram. É a verdade”, disse Trump seriamente.
Haddad reage e Lula arrega
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça-feira que o Brasil quer zerar a lista de produtos sujeitos a tarifas dos Estados Unidos.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que a conversa entre os presidentes Lula e Donald Trump pode ocorrer por telefone ou por videoconferência, porque um encontro pessoal realmente não deve acontecer, pois o presidente brasileiro já tem outras agendas.
Lula tem evitado falar com Trump, embora o presidente norte-americano já tenha dito que podem conversar ao telefone. O presidente brasileiro nunca telefonou para ele. Em uma entrevista à BBC, a entrevistadora perguntou sobre isso várias vezes, mas ele se esquivou.
Assista ao vídeo da falta de Trump, com tradução simultânea.
Fontes: Agência Brasil, InfoMoney e Rádio EBC







