
Abertura da cúpula Celac-UE (Gab. Presidência da Colômbia)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou, no domingo (9), em Santa Marta, na Colômbia, a defesa do multilateralismo entre os países e criticou articulações que buscam justificar uso da força e intervenção ilegal em países.
Ele fez uma pausa na COP30 para participar da 4ª cúpula Celac-UE (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos e da União Europeia).
“Ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”, afirmou Lula, sem citar nominalmente o presidente americano.
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“Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional”, completou.
Lula em defesa de Maduro
O encontro acontece em um cenário de preocupação de governos latino-americanos com a ofensiva dos Estados Unidos contra os narcotraficantes em águas internacionais no Mar do Caribe e no oceano Pacífico.
Na última sexta-feira (7), um ataque deixou três mortos. O anúncio da ofensiva foi feito pelo secretário de Defesa americano (equivalente ao nosso ministro da Defesa), Pete Hegseth. Operações como essa já deixaram ao menos 70 mortos.
Trump tem apresentado um discurso intimidador contra a Venezuela, inclusive insinuando ações ofensivas terrestres.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nega envolvimento do país com narcotraficantes e diz que o norte-americano busca criar motivos para invadir o país, dono das maiores reservas de petróleo do mundo.
Os EUA retiraram a certificação da Colômbia como aliada na luta contra as drogas e impôs sanções econômicas a Gustavo Petro, argumentando que ele não está fazendo o suficiente para combater o narcotráfico.
O presidente colombiano vem criticando o governo norte-americano pelos ataques. E Lula, por sua vez, tem manifestado apoio a Maduro.
Cúpula esvaziada como a COP30 de Lula

Presidente na chegada ao local da cúpula (RTVC)
O encontro na cidade banhada pelo Mar do Caribe reúne líderes e representantes de 27 países da UE e 33 da Celac. O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, é, junto com Lula, um dos poucos chefes de Estado de peso presentes na cúpula, que almeja projetar um novo modelo de integração num momento delicado da política internacional.
Lula é um aliado próximo do presidente colombiano Gustavo Petro e um dos interlocutores mais importantes da região com a Europa. Se somaram a eles, o primeiro-ministro de Portugal, da Finlândia, da Holanda e da Croácia.
A cúpula é copresidida por Petro, na qualidade de anfitrião, e pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa.
A DW entrevistou o cientista político afirma Alberto Rizzi, o qual analisou que as ausências são um “claro sinal diplomático, motivado principalmente pelo desejo de evitar uma escalada de tensões” com o presidente dos EUA, Donald Trump.
Lula afirmou que os dois grupos de países são centrais para a construção de uma ordem mundial baseada na paz, no multilateralismo e na multipolaridade.
No entanto, o presidente reconheceu que a América Latina e o Caribe voltaram a ser uma região dividida, “mais voltada para fora do que para si própria”. Ele citou ameaças como o extremismo político, manipulação da informação e crime organizado.
“Vivemos de reunião e reunião repletas de ideias e iniciativas que, muitas vezes, não saem do papel”, disse.
Combate ao crime
Menos de duas semanas depois da operação do governo do estado do Rio de Janeiro contra a facção Comando Vermelho (CV), que deixou 121 mortos – incluindo quatro policiais –, Lula afirmou que a segurança é um dever do Estado e direito fundamental.
“Não existe solução mágica para acabar com a criminalidade. É preciso reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando o seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas”, defendeu. O presidente não citou especificamente o caso no Rio de Janeiro.
Lula afirmou que nenhum país pode enfrentar o desafio isoladamente.
Ele relembrou duas ações que classifica como plataformas permanentes de cooperação para combater crimes financeiros e o tráfico de drogas de armas e de pessoas: o comando tripartite da tríplice fronteira com a Argentina e o Paraguai, e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, reunindo nove países sul-americanos.
Fontes: Agência Brasil e DW







