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Viúva de Abe permanece em silêncio no tribunal durante o julgamento

| Sociedade

Réu pede desculpas à viúva de Shinzo Abe e seus familiares no julgamento do assassinato do ex-primeiro-ministro do Japão.

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Abe

Réu durante julgamento (NHK)

O réu japonês, Tetsuya Yamagami (山上徹也), de 45 anos, é acusado de atirar e matar o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe com uma arma caseira enquanto ele discursava em um evento de campanha para a eleição da Câmara dos Conselheiros na cidade de Nara, há três anos, e a viúva Akie Abe compareceu ao tribunal de Nara na quarta-feira (3). Mas, na quinta-feira (4), se absteve de assisti-lo.

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Yamagami admitiu os fatos do assassinato em sua primeira audiência em outubro, sendo a severidade de sua pena o principal ponto de controvérsia.

A 14ª sessão do julgamento foi realizada no Tribunal Distrital de Nara na quinta-feira, marcando o fim do interrogatório do réu.

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Réu pede perdão à viúva

Não guardo rancor de Akie Abe ou dos demais membros da família. Acredito que o assassinato lhes causou dor por três anos e meio, e eu mesma já sofri a perda de um membro da família. Não tenho desculpas para o que fiz. Sinto muito mesmo“, declarou perdão pela primeira vez à viúva e aos familiares.

Quando questionado novamente sobre o propósito do ataque, ele disse: “Foi uma vingança pela minha família, representada pelo meu irmão, e por outras vítimas. Acho que isso não teria acontecido se meu irmão não tivesse morrido”. Ele se referia à Igreja da Unificação (Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial), criada pelo reverendo Moon, na Coreia do Sul e que tinha ramificações no Japão, onde a mãe do réu entregou toda a herança deixada pelo marido que faleceu, deixando a família viver na pobreza, por ser devota dessa seita.

“Eu tinha ouvido dizer que a senhora Akie Abe, a viúva, dava palestras em instituições e era ativa em grupos de apoio às vítimas [da seita], então duvidei que ela tivesse ódio ou raiva de mim. No entanto, também acreditava que ela fazia isso pensando na importância social do caso. Senti que enviar uma carta de desculpas a forçaria a aceitá-la, o que não seria a intenção dela, então decidi não enviá-la”, explicou ele no banco do réu.

Pelo sistema de participação da vítima no julgamento, se pode questionar diretamente o réu durante o interrogatório, fazer declarações e solicitar uma sentença em seu nome.

Mas, a viúva de Shinzo Abe, preferiu não fazer nenhuma pergunta ao réu e se foi. Em sessões anteriores, as declarações delas, escritas à mão, foram lidas. 

“Meu marido era uma pessoa séria e gentil. Era honesto e nunca autoritário, independentemente da sua posição. Era um homem estudioso e trabalhador, que se dedicava a diversas áreas, incluindo economia”, foi um dos trechos lidos.

Réu fala com lucidez sobre seu “erro” 

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Tribunal de Nara, onde está sendo realizado o julgamento (NHK)

“O ex-primeiro-ministro Abe era uma pessoa influente. Minhas ações foram responsáveis ​​pelos outros ataques durante a eleição, que deram origem a crimes imitativos e às teorias da conspiração. Acredito que (eu) tive grande responsabilidade, inclusive por esse motivo”, disse o réu quando foi questionado pelo juiz, sobre a relação com essa seita.

“Acho que foi um erro que o ex-primeiro-ministro Abe tenha sido assassinado“, declarou o réu.

Em resposta a uma pergunta de seu advogado sobre se ela havia previsto os movimentos sociais que se seguiram ao ataque, como a atenção dada à questão dos ativistas religiosos de segunda geração e a ordem de dissolução da antiga Igreja da Unificação no Japão, ele disse: “Eu não poderia ter previsto [a dissolução da seita], mas sou grato por ter acontecido“.  

Quando o réu foi questionado pelo promotor se estava satisfeito por ter cometido o ataque, ele respondeu: “Pelo menos para mim e para as vítimas da seita, acho que houve um certo grau de satisfação, mas acredito que muitos fatores estiveram envolvidos, então é difícil afirmar com certeza”.

A seita que acabou com sua família e muitas outras

O réu Yamagami se sentia como a segunda geração das pessoas que foram oprimidas pelos pais devotos dessa seita, que em nome da “igreja”, sacrificaram suas famílias. O irmão dele cometeu suicídio por não aguentar mais a vida que levava. A morte dele foi um gatilho para a vingança de Yamagami, o qual pensava que Shinzo Abe era dessa seita.

“Você cometeu o crime por ressentimento ou conflito com a Igreja da Unificação?“, perguntou o juiz ao réu, o qual respondeu “sim”.

Quando perguntado se aquele foi o momento de maior raiva de sua vida, ele disse: “Tudo o que vinha se acumulando simplesmente explodiu naquele momento“, se referindo ao assassinato de Abe.

O julgamento está previsto para terminar no dia 18 deste mês, com a apresentação do pedido de sentença da promotoria e das alegações finais da defesa.

Fontes: FNN e NHK

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