Carros da Mitsubishi em concessionária de Nuremberga, Alemanha (ilustrativa/PM)
Montadoras japonesas estão reduzindo temporariamente a produção global pela metade, visto que a demanda desaba em meio ao surto do coronavírus, com a Mazda paralisando linhas de montagem domésticas e a Toyota diminuindo a produção no Japão e no exterior.
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Paralisações de fábricas das montadoras estão causando efeitos de oscilação no setor inteiro que emprega 8.2% da força de trabalho da nação, levando a Honda a adotar medidas para conter o impacto financeiro sobre fornecedoras.
A Mazda suspenderá a produção em duas de suas fábricas de montagem no Japão, assim como em instalações na Tailândia e no México, sob planos anunciados na terça-feira (24). Os locais paralisados contam por mais de 70% da capacidade global da companhia de 1,8 milhão de unidades ao ano.
Isso segue uma medida similar feita pela Toyota, que anunciou na segunda-feira (23) a suspensão temporária de 7 linhas de produção no país. A principal montadora do Japão já havia suspendido a produção no exterior.
A produção global em 7 montadoras japonesas deve cair em 50% a partir dos níveis de 2019 por enquanto.
A Mazda suspenderá a produção por 13 dias operacionais, com início em 28 de março, na planta de Hiroshima e na planta de Hofu na vizinha Yamaguchi. Os dias de folga serão programados até 30 de abril.
Os cortes no Japão, Tailândia e México reduzirão a produção da companhia em cerca de 60 mil veículos para o período.
A Toyota está suspendendo as operações em linhas de produção em 5 plantas domésticas, com início em 3 de abril. As atividades serão retomadas em estágios até 15 de abril. Isso reduzirá a produção em 36 mil veículos.
Excluindo uma planta em Tóquio operada por uma companhia do grupo, a Hino Motors, as outras 4 instalações da Toyota produziram 1,6 milhão de unidades no ano passado, ou cerca da metade da produção doméstica da companhia.
Nenhum dos cerca de 20 mil funcionários nas 5 plantas do grupo Toyota perderão seus empregos, incluindo trabalhadores temporários. Os funcionários podem escolher tirar férias remuneradas.
As repercussões já estão sendo sentidas pelas fabricantes de peças. A Marelli, formada pela fusão da Calsonic Kansei e da Magneti Marelli, interromperam o trabalho na maioria de suas principais plantas europeias, assim como em vários locais nos EUA.
A Kasai Kogyo, que produz componentes internos, paralisou temporariamente a produção em lugares como a América do Norte, Europa, Índia e Malásia.
“Só no exterior perderemos perto de 15 bilhões de ienes (US$135 milhões) em vendas em um mês”, disse Kuniyuki Watanabe, presidente da Kasai Kogyo.
A indústria de automóveis conta por mais ou menos 3% do produto interno bruto do Japão. O setor empregou 5.46 milhões em 2018, incluindo em fornecedoras de peças e concessionárias.
Os cortes na produção feitos por fabricantes de carros finalizados causarão impacto ascendente nas fornecedoras. Montadoras estão tomando medidas para evitar interrupções devido a problemas financeiros em fabricantes de peças.
A Honda decidiu conceder suporte a companhias que abastecem suas plantas em Wuhan, o epicentro inicial do surto de Covid-19. A Honda estenderá os prazos de pagamentos para as fornecedoras que comprarem folhas de aço e outros materiais da montadora.
A Nissan e a Mazda estão perguntando às suas fornecedoras sobre fluxos de caixa. A Mitsubishi Motors começou a considerar medidas para acelerar pagamentos aos fabricantes de peças.
No início deste mês, o maior risco para as montadoras japonesas era a crise na rede de fornecimento chinesa. Agora, a desaceleração na demanda nos mercados ocidentais rompeu completamente o panorama.
“O risco é que o fluxo de caixa estagnará em parceiros de negócios e que a produção cessará”, disse um executivo de uma montadora japonesa.
Fonte: Asia Nikkei