Patrícia Barreto – Uma caminhoneira no Japão

Entrevista exclusiva com Patrícia Barreto, uma caminhoneira incrível que vem compartilhar conosco sua história inspiradora, confira!!!

Hoje temos o prazer de trazer uma entrevista especial com Patrícia Barreto, uma caminhoneira incrível que vem compartilhar conosco sua história inspiradora. Patrícia, natural do Brasil, reside no Japão há mais de 12 anos. Desde sua infância, ela nutre uma paixão por caminhões, o que a levou a seguir uma carreira no setor de transporte.

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Patrícia enfrentou diversos desafios ao entrar em uma profissão predominantemente masculina, mas sua determinação e amor pelo que faz a impulsionaram a superar as barreiras. Além disso, nos últimos anos, tem havido um aumento significativo de mulheres brasileiras ingressando nessa profissão no Japão, e Patrícia é um exemplo brilhante dessa tendência.

Ela representa não apenas sua própria jornada, mas também o crescente número de mulheres brasileiras que estão conquistando seu espaço no setor de transporte japonês. Hoje, vamos conhecer mais sobre sua jornada como caminhoneira e suas experiências tanto no Brasil quanto no Japão. Bora conferir?.

Portal Mie: Como você decidiu se tornar uma caminhoneira? Quais foram seus principais motivos para escolher essa profissão?
Patrícia Barreto: Desde pequena sempre gostei de caminhões, eram enormes e eu ficava eufórica em ver passando nas estradas. Tinha uma sensação de liberdade quando os via.

Portal Mie: Quais são os maiores desafios que você enfrenta como mulher nesse setor predominantemente masculino?
Patrícia Barreto: Os desafios são vários, por ser mulher temos que nos esforçar bastante para provar que somos capaz de realizar qualquer tarefa. Pois eles sempre esperam mais de nós por ser o (sexo frágil), e não é bem assim que funciona. O lugar da mulher é onde ela quiser e sentir favorável.

Portal Mie: Como você se prepara para longas viagens e como lida com o cansaço e a solidão da estrada?
Patrícia Barreto: Todos os dias minha rotina é igual. Pois não sinto que estou indo trabalhar e sim, fazer o que gosto, não me sinto como estivesse fazendo obrigação e nem o peso de acordar todos os dias para trabalhar, eu gosto tanto que nas folgas sinto saudades. Eu amo mesmo tudo que faço.

Portal Mie: A quanto tempo você está no Japão e quais são as principais diferenças que você observou ao fazer a transição de ser caminhoneira no Brasil para o Japão? Quais são os desafios específicos que você enfrenta como caminhoneira no Japão?
Patrícia Barreto: Estou há mais de 12 anos morando no Japão. Há várias diferenças, segurança, estradas boas, e a facilidade de paradas para caminhões, mas uma em especial que todos quando chegam reparam bastante é que aqui as ruas são bem estreitas. No Brasil é bem mais largo as avenidas e estradas. E por isso tenho que enfrentar os motorista de carros que não entende a dificuldade que é entrar em ruas apertadas.

Portal Mie: Como é a cultura e a mentalidade em relação às mulheres caminhoneiras no Brasil, em comparação com o Japão? Aqui você notou alguma mudança significativa nas percepções e atitudes das pessoas em relação às mulheres na profissão de caminhoneira?
Patrícia Barreto: A primeira vez que vi uma mulher dirigindo um caminhão eu fiquei tão emocionada que parecia que tinha visto uma super heroína na minha frente. Porém nos tempos de hoje tem bem mais mulheres dirigindo no Brasil do que antigamente. A grande diferença entre mulheres do Brasil e Japão, é que aqui o uso do uniforme da empresa é indispensável. Já no Brasil decotes e roupas apertadas é mais comum. Porém nas paradas de caminhão no Brasil já aconteceu de eu ser confundida com mulheres da noite.

Portal Mie: Quais são os principais aspectos do estilo de vida e da rotina do trabalho como caminhoneira no Japão que diferem das suas experiências no Brasil? Existem diferenças na infraestrutura, regulamentações ou condições de trabalho que você acha importante destacar?
Patrícia Barreto: Como trabalho no setor de auto peças, os horários são bem complicados. Tem semana que troco de horário 3 x e faço virada de turno também. No Brasil trabalha-se menos horas. Pelo menos naquela época. O Japão tem estradas melhores que o Brasil, e o salário anima a trabalhar mais e com qualidade. É só respeitar as regras da empresa e está tudo bem.

Portal Mie: Quais são as suas rotas e destinos mais frequentes? Existe algum lugar que você goste especialmente de visitar durante suas viagens?
Patrícia Barreto: Viagem curta é tranquilo por que volta para casa todos os dias. Faço uma rota fixa da cidade de Toyota à Okazaki. Só trabalho com a montadora da Toyota. Algumas vezes vou para Toyohashi em Tahara. Não consigo trabalhar em viagens longas pois passo muito sono, e não me sinto segura em dirigir tão cansada.

Portal Mie: Como você se sente em relação à tecnologia e inovações no setor de transporte? Quais mudanças você já observou durante sua carreira?
Patrícia Barreto: Hoje em dia a tecnologia ajuda bastante a todos. No setor logístico o que mais me impressionou foram os caminhões automáticos, híbridos e com isso a segurança que veio de fábrica como sensores de olhos, de faixa e de distância, sem esquecer claro do piloto automático, e dos sistemas de frenagem e aceleração autônomos. Além de muito conforto também e espaço para dormir nas cabines.

Portal Mie: Qual é o aspecto mais gratificante de ser uma caminhoneira? Existe algum momento ou experiência marcante que você gostaria de compartilhar?
Patrícia Barreto: Liberdade, fazer o que eu gosto, o desafio de cada dia mostrar as pessoas que não acreditaram em você, o que você se tornaria, uma mistura de tudo. O fato de eu não ser descendente é mais satisfatório ao fazer o meu trabalho. Quando eu vejo como me olham com olhares de surpresa e admiração, em recordo que era exatamente assim que eu via mulheres dirigindo quando era pequena, é o mesmo sentimento.

Portal Mie: Como você encontra o equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal? Quais são as dificuldades de conciliar essas duas áreas da sua vida?
Patrícia Barreto: Sinto falta quando estou em casa. Eu adoro ficar de uniforme, nos feriados sinto saudade do caminhão, não consigo diferenciar casa e trabalho pois é como não estivesse indo trabalhar. Fica difícil de responder (risos).

Portal Mie: Quais são as medidas de segurança que você toma ao longo das suas viagens? Como você se mantém segura nas estradas?
Patrícia Barreto: Onde eu trabalho tem câmeras de segurança dentro e fora, procuro seguir as regras de limites de velocidade e o uso do telefone ao dirigir. Já nas estradas procuro respeitar as regras de trânsito, sempre dirigindo com atenção para que a chance de acidentes seja nula.

Portal Mie: Quais são as habilidades essenciais para ser uma caminhoneira de sucesso? Existem habilidades específicas que você teve que desenvolver ao longo do tempo principalmente aqui no Japão?
Patrícia Barreto: Conhecimento no setor logístico é essencial para se tornar uma boa condutora. Porém em primeiro lugar é amar muito o que faz. Vejo muitas pessoas que entram no caminhão apenas por dinheiro, mas na verdade odeia dirigir. Eu questiono muito isso. A vida fica mais leve e desgasta menos quando estamos no lugar que queremos e fazemos o que gostamos. É preciso se capacitar para ter mais habilidades para expandir no setor fazendo cursos de formação como empilhadeira, kuren, tamakake, entre outro. O setor logístico é bem extenso, então você tem que avaliar o que te faz bem e se profissionalizar. No Brasil fiz cursos de moop, cargas perigosas, direção defensiva e o coletivo, para poder trabalhar em ônibus de viagens. Com mais conhecimentos você consegue aumentar as suas oportunidades.

Portal Mie: Quais conselhos você daria para outras mulheres que estão considerando ingressar na indústria do transporte e se tornar uma caminhoneira?
Patrícia Barreto: As mulheres de hoje em dia tem muito mais facilidades que antigamente, então seja corajosa. Vá. Não espere por ninguém. Esta com medo? Vá com medo mesmo, mas faça sua vida valer a pena. Retrair sonhos por causa de alguém ou de pessoas que não acreditam em você? É tua vida só tem uma, faça valer a pena a sua vinda nesse mundo. Viva o inimaginável o extraordinário que sempre sonhou, e lute por suas escolhas e sonhos. Eu sempre falo essa frase: eu sou uma mulher ou um polvo? Eu direciono minha vida pra onde eu quero, e eu chego lá e consigo. Se você acredita mesmo em você apenas faça.

Agradecimentos
Agradeço A Deus pela minha vida e por tudo que passei para chegar até aqui. Minha gratidão eterna aos descendente deste Japão por me dado a oportunidade de vir para cá. Aos japoneses pela oportunidade de trabalhar em terras estrangeiras. Ao fotógrafo e colunista Clayton Moraes pela oportunidade de poder falar um pouco sobre a minha história e a todos que acreditaram em mim!

Reportagem
Clayton Moraes – Fotógrafo & Colunista
Fotos – cedidas

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