Desde seu primeiro contato com atividades verticais em 2006, ainda no Exército Brasileiro, Ricardo Prohmann construiu uma trajetória marcada pela paixão pela aventura e pelo aperfeiçoamento contínuo. Com uma formação sólida e experiências que o levaram a explorar montanhas em diferentes partes do mundo, ele se especializou em técnicas verticais, sempre em busca de novos desafios e lugares inexplorados.
Em 2018, sua jornada o levou à Espanha, onde aprofundou seus conhecimentos em canyoning com especialistas no assunto. Vindo para o Japão, sua conexão com as montanhas se intensificou, levando-o a descobrir cenários exóticos e a se aproximar de outras pessoas que compartilham da mesma filosofia de vida.
Nesta entrevista, Ricardo compartilha sua trajetória, desafios enfrentados e o que significa para ele, o que é estar em sintonia com a natureza. Além disso, oferece dicas valiosas para quem deseja ingressar no mundo das atividades verticais e explorar a grandiosidade das montanhas com segurança e respeito. Borá conhecer um pouco mais?
Portal Mie: O que despertou seu interesse por atividades verticais quando ainda estava no Exército?
Ricardo Prohmann: O que realmente me fascinava na época era a ideia de ter a possibilidade de exploração contínua e autônoma. Usando as técnicas verticais, eu poderia entrar e sair de qualquer terreno montanhoso.
Portal Mie: Como foi o processo de aprendizado e evolução desde seu primeiro contato com essa prática em 2006?
Ricardo Prohmann: Técnicas verticais são um assunto bem denso e extenso. Existem muitas variáveis, e cada área de atuação possui técnicas específicas e equipamentos apropriados.
Leva um certo tempo em sala de aula nos cursos e intercâmbios, mas com muita dedicação e prática, torna-se possível compreender o contexto geral de escalada, montanhismo, alpinismo, canionismo, espeleologia, resgate e salvamento, entre outras áreas onde se usa acesso por cordas.
Portal Mie: O curso de canyoning na Espanha, em 2018, foi um marco na sua trajetória. Quais foram os principais aprendizados e como isso impactou sua forma de explorar montanhas?
Ricardo Prohmann: O maior aprendizado foi sobre a consciência do uso de materiais de abandono em montanha (parafusos, chapeletas, cordas e fitas) e o impacto que isso causa, não só no meio ambiente, mas também na segurança dos praticantes que podem utilizar um equipamento já existente no local. Ter essa consciência ambiental sobre os materiais empregados e sua vida útil ao longo dos anos muda totalmente a visão sobre novas âncoras.
Portal Mie: O que te atrai nas montanhas do Japão? Existe algum lugar que marcou sua jornada?
Ricardo Prohmann: A beleza das montanhas japonesas tem um charme especial, desde a parte baixa com as plantações de arroz até as diversas espécies de pinheiros e outras árvores, além da água cristalina no topo das montanhas.
Cada lugar tem uma beleza ímpar, então é difícil dizer um local específico. Mas um dos lugares que tenho um carinho especial fica na divisa dos três estados de Mie, Wakayama e Nara. Essas regiões tem muitos canyons e são um verdadeiro playground para quem gosta da modalidade.
Portal Mie: Como foi encontrar outras pessoas que compartilham da mesma paixão por esportes de aventura?
Ricardo Prohmann: Isso é maravilhoso no esporte de grupos! Além de ganhar grandes amigos com a mesma vibe boa da montanha, o intercâmbio de técnicas e o crescimento pessoal são muito enriquecedores.
Portal Mie: Existe alguma característica única das montanhas japonesas que torna a prática de atividades verticais especial para você?
Ricardo Prohmann: Sim! As estações do ano bem definidas trazem aspectos e características únicas a cada época. A mistura de cores e aromas é fascinante. Além disso, a época de chuvas transforma as quedas d’água, dando um toque especial da mãe natureza, com sua força e delicadeza ao mesmo tempo.
Portal Mie: Você já passou por alguma situação extrema ou desafiadora durante suas explorações? Como lidou com isso?
Ricardo Prohmann: Sim! Situações desafiadoras surgem a cada nova exploração. As incertezas são inúmeras, e acessar lugares incríveis como os canyons envolve certos riscos.
As situações extremas geralmente envolvem muita água, tornando difícil e complicada a progressão rio abaixo devido à correnteza e aos movimentos de água perigosos em pontos críticos. O segredo é estar sempre atento e antecipar movimentos para minimizar os riscos ao máximo.
Portal Mie: O que é essencial para quem quer começar nesse tipo de aventura? Alguma dica fundamental?
Ricardo Prohmann: O canyoning (canionismo, em português) é um esporte muito divertido! Ele envolve saltar e nadar na água, escorregar em tobogãs naturais, aventurar-se em tirolesas e descer cachoeiras de rapel.
Já é um esporte consolidado em muitos países e continua em expansão, conquistando novos adeptos a cada dia. Para quem quer iniciar nessa modalidade, o ideal é fazer um curso de iniciação. Existem muitas empresas que prestam esse tipo de serviço no ramo de canyoning aqui no Japão.
Portal Mie: Que conselho você daria para quem quer começar a explorar atividades verticais, mas ainda não tem experiência?
Ricardo Prohmann: Acredito que a chave para um aprendizado sólido é estar em contato com pessoas que já atuam na área vertical. Buscar cursos e praticar constantemente é a melhor maneira de se aperfeiçoar ao longo do tempo.
Portal Mie: Para você, qual é a verdadeira essência de estar em contato com a montanha?
Ricardo Prohmann: Todos nós temos uma forma de recarregar as energias. Para mim, o contato com a montanha e a natureza é essencial para manter uma boa saúde mental. É uma maneira de dar um “reset” no cotidiano e focar apenas no momento presente. De alguma forma, isso nos deixa mais leves e com um poder de foco maior em nossas relações no geral, seja com nossos familiares, amigos ou no trabalho.
Agradecimentos
Ricardo Prohmann: Gratidão, primeiramente, a Deus, que nos deu esse presente incrível que é viver nessa “bolinha” pequenininha, mas cheia de vida, que é o nosso planeta Terra! Também gostaria de agradecer ao Portal Mie e ao Clayton Moraes pela oportunidade.
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Reportagem
Clayton Moraes – Fotógrafo & Colunista
Fotos – cedidas