Uma mulher e seus dois filhos morreram em uma cidade remota no Nepal por causa de uma tradição em que as mulheres são forçadas a sair de suas casas e ficar em cabanas durante o período menstrual, disse um gestor do governo na quinta-feira (10).
A mulher de 35 anos e seus filhos foram encontrados mortos por parentes e aldeões em uma pequena cabana perto da casa da família na manhã de quarta-feira (9), disse o chefe administrador do distrito de Bajura, Chetraj Baral.
Ele suspeita que a mulher e os dois filhos, de 9 e 12 anos, morreram por inalação de fumaça enquanto dormiam. Por causa do frio extremo nas montanhas eles estavam mantendo uma pequena fogueira dentro da cabana para ficarem aquecidos.
A cabana tinha espaço que mal acomodava três pessoas. Baral disse que partes de roupas que eles usavam também estavam queimadas.
Uma equipe de investigação chegou a Budhinanda, a cerca de 400Km ao noroeste da capital Catmandu.
Baral disse que está consultando advogados do governo sobre mover ou não ação judicial contra a família. Os corpos foram levados a um hospital que fica em uma cidade próxima para autópsia.
Após o incidente o governo está planejando enviar autoridades até a área novamente para orientar os residentes sobre a prática, disse ele.
A prática foi banida pela Corte Suprema em 2005 e uma nova lei a criminalizou no ano passado, com aqueles que forçam mulheres ao exílio durante o período menstrual podendo enfrentar até três meses de prisão ou uma multa de 3.000 rúpias nepalesas – cerca de 2.895 ienes.
Ativistas pedem que a lei seja aplicada de forma mais rigorosa.
Prática antiga
Muitas mulheres que menstruam ainda são forçadas a sair de suas casas e se abrigarem em cabanas que muitas vezes são sujas e não são seguras, ou em estábulos, até o ciclo terminar.
O costume chamado de “chaupadi” continua em muitas partes do país de maioria hindu, principalmente nas encostas a oeste.
Sob a prática antiga, ligada ao hinduísmo, as mulheres que menstruam ou que acabaram de dar à luz, são vistas como impuras ou “portadoras” da má sorte.
Elas também ficam expostas ao frio extremo no inverno, a ataques criminais e as mais jovens não podem ir à escola.
Fontes: Asahi, BBC