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De Xangai a Los Angeles em 5 horas. De Tóquio a são Francisco em 5 horas e meia. De Sidney a Los Angeles em 7 horas e 15 minutos. A próxima onda de voos supersônicos poderia tornar as viagens entre destinos nos EUA, na Ásia e Oceania uma brisa.
Nos últimos anos, uma porção de startups na área da aeronáutica espalhou interesse renovado em viagem supersônica, que paralisou após a aposentadoria do Concorde em 2003.
Dentre as grandes competidoras, a Boom Technology levantou US$85 bilhões em fundos de investidores de sementes e parceiras estratégicas, como a Virgin Atlantic Airways.
Apoio para a startup com sede em Denver expandiu para a Ásia também. Em dezembro, a Japan Airlines teria investido US$10 milhões para a pré-compra de 20 dos aviões comerciais de 55 lugares, com estreia programada para 2023.
Nesta primavera, a Ctrip – a maior provedora de serviços de viagens da Ásia, com mais de 300 milhões de usuários registrados – se tornou a primeira parceira estratégica da Boom, da China.
Reduzindo os tempos de voos pela metade
O primeiro estágio dos planos da Boom poderia ser lançado logo no início do ano que vem.
A empresa anunciou publicamente planos para operar seu XB-1 – uma aeronave de demonstração de dois lugares – em 2019 como prova do conceito.
Se tudo correr bem, a empresa embarcará em sua principal missão: construir uma frota de jets comerciais supersônicos que voam a uma velocidade Mach de 2.2, o que equivale a 1.451mph (2.335Km/h), ou mais que o dobro da velocidade do som.
Colocando isso em termos de viagem, um voo típico de 12 horas de Xangai a Los Angeles poderia ser reduzido para 5 ou 6 horas.
Ambas as empresas se negaram a comentar sobre qualquer investimento em dinheiro feito pela Ctrip. Contudo, a Ctrip se comprometeu a ajudar a Boom a navegar na indústria aérea chinesa com a meta de assegurar parceiras comerciais.
Sente-se
Assim como o Concorde e o Tupolev Tu-144 que vieram antes, o Boom Supersonic planeja voar mais rápido que a velocidade do som.
Mas há algumas diferenças fundamentais. Para começar, a Boom planeja ter apenas 55 assentos – comparado a 92 ou 128 no Concorde.
Mesmo com poucas poltronas, as tarifas poderiam ser mais viáveis. Comparadas aos preços de uma passagem de ida e volta entre Nova York e Londres – US$11.000 a US$13.000 dólares – as tarifas da Boom custarão cerca de US$5.000 na mesma rota.
“Os desenvolvedores do Concorde não tinham a tecnologia para viagens supersônicas acessíveis , mas agora nós temos”, disse Blake Scholl, fundador da Boom Technology e chefe executivo, em uma entrevista à CNN Money no ano passado.
A quase o mesmo custo de um assento na classe business em uma companhia aérea convencional, a Boom parece apontar para viajantes corporativos frequentes.
De acordo com o site da empresa, as poltronas serão espaçosas o suficiente, mas não totalmente reclináveis. Cada uma terá um armário sob o banco para fácil armazenamento, assim como janelas grandes para ver a curvatura da Terra.
O grande boom
Enquanto isso, o “boom” explosivo – causado quando o avião quebra a barreira do som – deve ser menos intenso graças a um design atualizado.
Atualmente, viagens supersônicas são proibidas nos EUA em razão do som perturbador que ele cria para os residentes em solo.
Para aliviar o barulho estrondoso, o design planejado do avião incluirá um nariz longo e asas mais amplas.
Com o design certo, a empresa espera que o boom seja “pelo menos 30 vezes mais silencioso do que o do Concorde”, de acordo com o site da empresa.
Mas nem todo mundo está convencido.
“A ideia da viagem supersônica tem um grande sex appeal”, disse à CNN Travel Peter Goelz, vice-presidente sênior e analista de aviação na O’Neill and Associates. “Não tenho certeza se estou tão otimista como eles de que o desafio dos booms sônicos sobre o solo tenha desaparecido – foi devastador ao Concorde”.
Muito bom para ser verdade?
A maioria dos viajantes frequentes saliva a ideia de reduzir pela metade 15 horas de voos de Hong Kong a Nova York ou de Tóquio a São Francisco. Mas até que grandes participantes na indústria da aviação invistam no conceito, alguns analistas continuam céticos.
“Há muitas questões que precisam ser respondidas sobre a viabilidade econômica do projeto”, disse Goelz. “Dito isso, admiro o empreendedorismo deles”.
Ele diz que o projeto pode enfrentar obstáculos quando se fala em um modelo de negócios funcional.
Para reduzir o peso e uso de combustível, a Boom planeja construir sua aeronave usando composto de fibra de carbono, que é mais leve do que o alumínio tradicional.
Planos de design à parte, a empresa ainda precisa levantar bilhões de dólares para trazer sua primeira linha aérea comercial ao mercado – sem mencionar o custo de testes, aprovação regulatória, infraestrutura de fábrica e produção em massa.
A corrida começa
A Boom Technology não é a única empresa aeroespacial que visa passar pela velocidade do som.
A NASA anunciou recentemente uma parceria com a Lockheed Martin para desenvolver um protótipo de aeronave supersônica com um boom sônico mais silencioso. Se for tudo como planejado, o X-Plane deverá ser concluído até 2021. A NASA realizará então sobrevoos nas cidades para avaliar os níveis de som.
Enquanto isso, a Spike Aerospace com sede em Boston também está planejando colocar em ação seu S-512 Supersonic Jet.
Com planos de começar testes neste ano, a Aerion Supersonic com sede em Nevada espera introduzir seu Aerion AS2 para voos de teste até 2019, e a HyperMach do Reino Unido visa estrear seu Mach 4 SonicStar até 2020.
Fonte e imagens: CNN