O coronavírus que surgiu na cidade chinesa de Wuhan, ao longo de 4 meses atrás sofreu mutação e a nova e dominante cepa que se espalha pelos EUA parece ser ainda mais contagiosa, de acordo com um novo estudo.
A nova cepa começou a se espalhar na Europa no início de fevereiro antes de migrar para outras partes do mundo, incluindo os EUA e Canadá, tornando-se a forma dominante do vírus em todo o globo até o fim de março, escreveram pesquisadores do Laboratório Nacional de Los Alamos – LANL em um relatório de 33 páginas publicado em 30 de abril no BioRxiv.
Limitação da eficácia de vacinas
Se o coronavírus não diminuir no verão como a influenza sazonal, ele pode sofrer ainda mais mutação e potencialmente limitar a eficácia de vacinas contra coronavírus que estão sendo desenvolvidas por cientistas em todo o mundo, alertaram pesquisadores.
Alguns pesquisadores de vacinas vêm usando as sequências genéticas do vírus isoladas por autoridades da saúde no início do surto.
“Essa é uma notícia dura”, escreveu Bette Korber, bióloga computacional no LANL e autora líder do estudo em sua página no Facebook, citada pelos Los Angeles Times.
“Nossa equipe no LANL conseguiu documentar essa mutação e seu impacto na transmissão somente por causa de um esforço global massivo de pessoas na área clínica e grupos experimentais, os quais disponibilizaram as novas sequências do vírus (SARS-CoV-2) em suas comunidades o mais rápido que puderam”, disse ela.
O estudo ainda precisa ser revisto em pares (peer-reviwed), mas os pesquisadores citaram que a novidade da mutação era de “preocupação urgente” considerando mais de 100 vacinas no processo de serem desenvolvidas para prevenir a Covid-19.
Pesquisa na China descobre dois tipos de coronavírus diferentes
No início de março, pesquisadores na China disseram que descobriram que dois tipos diferentes de coronavírus poderiam estar causando infecções no mundo.
Em um estudo publicado em 3 de março, cientistas da Escola de Ciência da Vida da Universidade Peking e o Instituto Pasteur de Xangai descobriram que um tipo mais agressivo do novo coronavírus havia contado por cerca de 70% de cepas analisadas, enquanto 30% haviam sido ligadas a um tipo menos agressivo.
Descobriu-se que a cepa mais agressiva e letal era prevalente nos estágios iniciais do surto em Wuhan – a cidade chinesa onde o vírus surgiu pela primeira vez.
Os pesquisadores do LANL, com a ajuda de cientistas da Universidade Duke e da Universidade de Sheffield na Inglaterra, conseguiram analisar milhares de sequências de coronavírus coletadas pela Global Initiative for Sharing All Influenza Data – GISAID, uma organização que promove o rápido compartilhamento de dados de todos os vírus de influenza e coronavírus.
Até o momento, os pesquisadores identificaram 14 mutações.
A mutação causa impacto na proteína S (spike protein), um mecanismo multifuncional que permite ao vírus entrar no organismo da pessoa.
A pesquisa teve suporte financeiro do Conselho Médico de Pesquisa, do Instituto Nacional de Pesquisa da Saúde e da Genome Research Limited.
Fonte: CNBC