No sábado (30) o Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações divulgou o número de trabalhadores afastados temporariamente pelas empresas, ou em licença.
Somaram 5,97 milhões de pessoas, ou 9% do total de 68 milhões, recorde na história do país. Segundo os jornais, esses trabalhadores estão sofrendo com a queda brusca na renda ou sem rendimento.
Essa situação foi desencadeada pela pandemia do novo coronavírus. Também houve uma queda de trabalhadores não regulares, de 970 mil, em comparação ao mês anterior. Assim, o potencial desemprego está aumentando, pois há grande possibilidade de parte dos trabalhadores em licença se tornarem desempregados.
Crise sem precedentes
É fato que anualmente em abril, por conta do fechamento do ano fiscal em março, as empresas e indústrias reduzem o quadro de funcionários não regulares como arubaitos, part timers e enviados por empreiteiras. Mas os números mostram que este ano, por causa do impacto do efeito coronavírus nas empresas, com piora do faturamento, ocorreu uma inflamação de rompimento de contrato com esses trabalhadores.
Para reduzir os custos fixos as empresas dispensaram seus funcionários em abril. Foram 1,4 milhão de arubaitos e part timers, 110 mil haken, entre outros, incluindo os regulares. Muitos deles trabalham em indústrias ligadas às grandes montadoras de veículos, afetadas pelo coronavírus. Com o estado de emergência o país amargou uma crise sem precedentes.
O número de trabalhadores em licença poderá ser maior do que os registros obtidos nos órgãos oficiais, pois foi baseado naqueles que requisitaram o subsídio do período de folga imposta. Existe a possibilidade de muitos não terem recebido esse subsídio, ficando sem renda, portanto, não entraram no levantamento de dados.
Desempregadas ocultas e pior índice pós-guerra
“Não esperava que o número de trabalhadores em licença aumentasse para esse nível”, disse Taro Saito, diretor de pesquisa econômica do Instituto de Pesquisa NLI. Existem pessoas chamadas de desempregadas ocultas que estão esperando em casa sem procurar emprego, por isso, mesmo que percam o emprego, mas não serão incluídas nas estatísticas. “A deterioração da taxa de desemprego desta vez é pequena, mas é melhor não subestimá-la”, apontou analisando que poderá subir para 4%.
O índice de desemprego em abril foi de 2,6%, o pior desde 2017. Um analista entrevistado pelo Tokyo Shimbun, ex-funcionário do Banco do Japão, aponta que esse índice poderá chegar a 6% em maio. Se isso ocorrer será o pior do pós-guerra.
“O governo deveria se concentrar na rápida implementação de medidas existentes, como subsídios de ajuste de emprego e benefícios sustentáveis”, analisou Saito.
Fontes: Nikkei, Sankei, Chuo Nippo e Tokyo Shimbun