Hackers russos financiados pelo governo estão visando organizações no Reino Unido, EUA e Canadá envolvidas no desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, de acordo com autoridades britânicas de segurança.
O Centro Nacional de Segurança Cibernética do Reino Unido (NCSC) disse que fabricantes de medicamentos e grupos de pesquisa estavam sendo alvos de um grupo conhecido como APT29, que “quase certamente” fazia parte dos serviços de inteligência do Kremlin.
Autoridades britânicas não disseram se qualquer um dos ataques teve êxito em sua meta de roubar segredos médicos. Elas enfatizaram, entretanto, que nenhuma pesquisa de vacina havia sido comprometida como resultado.
O Reino Unido está na linha de frente de esforços de pesquisa para produzir uma vacina, com cientistas na Universidade de Oxford e no Imperial College London dentre os líderes em empenhos globais.
É raro para o Reino Unido declarar explicitamente que acredita que um outro país esteja por trás de uma campanha coordenada e em curso de ciberataques, mas autoridades britânicas disseram que compartilharam sua avaliação com os EUA e Canadá.
O secretário de relações exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, disse que era “completamente inaceitável” que serviços de inteligência russos visassem pesquisa sobre a pandemia de Covid-19.
A atribuição britânica foi rejeitada pelo Kremilin. O porta-voz do presidente russo Vladmir Putin, Dmitri Peskov, disse ao The Guardian na quinta-feira (16) que a Rússia não estava envolvida em qualquer tentativa de hacking.
“Não temos informação sobre quem pode ter hackeado companhias farmacêuticas e centros de pesquisa no Reino Unido”, disse ele. “Podemos dizer apenas que a Rússia não tem nada a ver com essas tentativas”.
O ministério de relações exteriores russo pediu ao governo britânico que fornecesses provas das acusações. A porta-voz Maria Zakharova disse: “Essa declaração é tão vaga e contraditória que é na verdade impossível de ser compreendida”.
Hackers financiados pelo governo russo, antes, já foram acusados de tentar invadir computadores usados por agências de esportes e antidoping e um laboratório químico suíço onde amostras do agente nervoso novichok do ataque de Salisbury foram analisadas.
O grupo APT29 está ativo há vários anos e é conhecido pela comunidade hacker como Dukes ou Cozy Bear. O mesmo grupo foi ligado aos ataques contra o partido democrático dos EUA na corrida das eleições de 2016.
Fonte: The Guardian