Kim Phuc Phan Ti foi fotografada por um jornalista em 8 de junho de 1972 (Wikimédia Commons/Nick Ut)
A menina vietnamita vista em uma das fotografias de guerra mais icônicas da história passou pelo seu último tratamento de pele em uma clínica em Miami nesta semana, 50 anos após ela ter sido atingida por um bombardeio de napalm.
Publicidade
Kim Phuc Phan Ti, agora com 59 anos, foi fotografada por um jornalista em 8 de junho de 1972 correndo em direção à câmera e chorando após o ataque que a deixou coberta com queimaduras de terceiro grau. Ela tinha 9 anos na época e se tornou comumente conhecida como Menina de Napalm.
Seus ferimentos a deixaram com dores por grande parte de sua vida, levando-a a buscar vários tratamentos pelos últimos anos para aliviar seu sofrimento. Ela recebeu o último deles na quinta-feira (29).
Phan Ti disse à CBS News que ela se lembra claramente de estar brincando com outras crianças naquele dia em 1972 quando soldados vietnamitas começaram a gritar para elas correrem.
Ela e outros estavam fugindo de um ataque norte-vietnamita fora do vilarejo de Trảng Bàng quando a força aérea sul-vietnamita confundiu o grupo com soldados do norte e atacou com bombas napalm.
Foi quando o fotógrafo Nick Ut, atualmente com 71 anos, tirou a foto que chocaria o mundo na capa da New York Times.
Após tirar a foto, Ut e vários jornalistas na cena levaram Phan Ti e muitas crianças feridas para um hospital da região Saigon.
Lá, os médicos disseram a ele que a menina queimada não aguentaria.
Contudo, Phan Ti se manteve forte, e após um ano no hospital e cerca de 20 cirurgias ela foi liberada, mas seria cerca de 10 anos e várias outras cirurgias antes de poder se mover de forma adequada.
Antes de se mudar para o Ocidente, Phan Ti queria se tornar médica e estudou medicina em uma universidade no Vietnã.
Ela foi vista como “símbolo nacional de guerra” e era supervisionada diariamente, usada em propagandas e sujeita a constantes entrevistas como um exemplo do barbarismo do Ocidente e ideologia anticomunista.
Durante uma estada no Canadá, ela e o marido Bui Huy Toan, que era um colega estudante que ela conheceu em Cuba, decidiram buscar asilo e então cidadania, e eles tiveram dois filhos em Toronto.
Em 2015 ela buscou tratamento para dor com a Dra. Jill Zwaibel em Miami. Sabendo da história de Phan Ti, Zwaibel concordou em realizar tratamentos de graça.
“Agora, 50 anos depois, não sou mais uma vítima da guerra, não sou a menina Napalm”, disse Phan Ti.
“Agora sou uma amiga, uma ajudante, uma avó e agora uma sobrevivente pedindo por paz”.