Esse fenômeno chamado Shein nasceu na China como criação de Xu Chris, em 2008 e faz entregas para 220 países e regiões, considerada a Zara chinesa da nova era.
Mas, como consegue apresentar novas coleções de moda com tanta velocidade é uma pergunta que fica na cabeça dos concorrentes e consumidores. Um dos segredos é a centena de designers que trabalham incansavelmente conferindo diariamente as tendências, e manda fabricar imediatamente em lotes de pelo menos 100 modelitos em cerca de mil ateliês de terceiros.
Segundo o Wikimedia, são apresentados 3 a 5 mil novos produtos todos os dias. Sem lojas físicas, as vendas são realizadas online, com um sistema de logística impressionante, para atender aos consumidores de todo o mundo. Ela consegue fazer chegar os modelitos atualizadíssimos a um preço ao alcance de qualquer pessoa.
Além disso, seu poder de divulgação está nas chamadas KOL ou Key Opinion Leader, as influenciadoras, e também as KOC ou Key Opinion Consume, que possuem um número pequeno de seguidores, mas são influentes e têm senso de afinidade com seu público.
A maioria é do sexo feminino, e ganha 6 benefícios gratuitos todos os meses, impulsionando suas atuações nas redes sociais como YouTube, Instagram, Snapchat, TikTok ou Facebook. Essa conexão com os seguidores é a força motriz por trás do comportamento de compra, com sensibilidades e tendências diferentes dependendo do país ou da região.
Fenômeno na história do varejo de roupas
O que essa marca está fazendo é algo inédito na história das vendas de varejo de confecção e outros itens, pois seu catálogo oferece uma variedade imensa para casa, decoração, hobby, acessórios, unhas, beleza e outros.
Nos EUA, onde começou a crescer em 2014, a popularidade é tamanha que chegou a ficar em segundo lugar em vendas, só abaixo da Amazon, em 2020.
No Japão, essa marca começou a ser vendida em 2021, através do seu aplicativo, e já ganhou uma popularidade explosiva, não só entre a população da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), mas também com as anteriores.
Outro detalhe é que em 2021, o número de downloads do app em todo o mundo ultrapassou a Amazon e emergiu como segundo lugar.
A Shein não revela tudo
A empresa gigantesca não revela tudo sobre ela, ainda há pontos que ninguém sabe como onde são produzidos seus produtos e em que condições.
Uma investigação do Marketplace, um documentário de televisão dirigido pela professora Miriam Diamond da Universidade de Toronto, descobriu que as jaquetas infantis continham cerca de 20 vezes a quantidade de chumbo permitida pelos regulamentos de segurança da Health Canada. Igualmente, de uma bolsa com 5 vezes mais chumbo do que o permitido. Depois disso, a Shein comunicou o programa que suspendeu as vendas.
Em agosto de 2021, a Shein anunciou em seu site que suas fábricas foram certificadas pela International Organization for Standardization (ISO) e SA8000, um padrão internacional de avaliação do ambiente de trabalho, mas isso foi contestado pela Modern Slavery Act, que foi promulgado no Reino Unido em 2015.
Mais lixo para o Planeta
A Greenpeace classificou o fenômeno dessas roupas descartáveis como um desperdício grosseiro, argumentando que são necessários 2,7 mil litros de água para fazer uma camiseta que é rapidamente descartada.
A Shein gerou 16 bilhões de dólares americanos em vendas globais no ano passado, segundo a Bloomberg.
O que desperta a curiosidade e a tentativa de compreensão de diversos órgãos é porque a geração Z, tão antenada na questão ecológica, consome tanto dessa marca, sabendo que logo as peças irão para o lixo, aumentando ainda mais essa questão grave para o Planeta.
A Agência Francesa para a Transição Ecológica estima que a moda rápida, não só a Shein mas outras marcas também, é responsável por impressionantes 2% das emissões globais de efeito estufa por ano.
Condições trabalhistas nas fábricas
Além disso, há suspeitas de más condições de trabalho em suas fábricas terceirizadas. A ONG Public Eye, com sede na Suíça, descobriu em novembro de 2021 que os funcionários de algumas dessas fábricas terceirizadas da Shein trabalhavam até 75 horas por semana, em violação das leis trabalhistas chinesas.
“A indústria da moda é um grande contribuinte para a emergência climática e ecológica, sem mencionar seu impacto sobre os inúmeros trabalhadores e comunidades que estão sendo explorados em todo o mundo para que alguns desfrutem de fast fashion que muitos tratam como descartáveis”, escreveu Greta Thunberg no ano passado, pedindo mudanças.
Fontes: MamaGirl, Wikipedia e Japan Times