Norberto Semanaka no seu restaurante em Oizumi, Gunma (reprodução do Yomiuri)
“Quero criar um local onde todos, independente da nacionalidade, possam se reunir”. Este foi o desejo de Norberto Semanaka, brasileiro de 39 anos, quando há 8 anos, abriu o restaurante Kaminalua em Oizumi (Gunma), cidade em que uma a cada 5 pessoas é estrangeira.
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Os altos e baixos das experiências vividas na primeira metade de sua vida foram o ponto de virada.
Sonho de se tornar profissional no beisebol do Japão
Nascido e criado no Brasil, o país do futebol, começou a jogar beisebol aos 4 anos de idade por influência do pai. “Não sou bom em disputas de futebol. O beisebol combina mais comigo”, se analisa. Usando os spikes e luvas de beisebol comprados por seus pais, treinava pesado quatro dias por semana, até ingressar na seleção brasileira aos 11 anos.
Foi quando veio ao Japão pela primeira vez para participar de um torneio mundial e assistir aos jogos profissionais de beisebol. Teve um choque cultural, o que o despertou para o sonho de se tornar atleta profissional. Relembra que a bola do pitcher foi tão rápida que não pode vê-la e o batter a arremessou para muito longe, deixando-o impressionado com a torcida do público.
Convenceu seus pais e no ano 2000, ainda adolescente, passou pelo portão da prestigiada (pelo beisebol) Nissho Gakuen, na província de Miyazaki.
Home run no Koshien: recompensa para os dias amargos
Koshien em Hyogo, o sonho de todo aspirante a jogador profissional de beisebol (Wikimedia)
Entretanto, assim que ingressou no colegial, seus dias passaram ser de sofrimento pela barreira do idioma. Não entendia as instruções do treinador e foi feito de bobo porque durante os intervalos não conseguia conversar com os colegas.
Naqueles momentos, relembrava que “vim para ficar mais forte no beisebol” e mergulhou nos treinos. No terceiro ano, Semanaka bateu um home run no Koshien, em Hyogo, o sonho de todo aspirante a profissional. Disse que nunca esquecerá do sorriso de seus pais que vieram do Brasil para torcer por ele.
No fundo do poço, teve um despertar em Oizumi
Foto ilustrativa do pastel de palmito (reprodução do Facebook do Kaminalua)
Após se formar no colegial, Semanaka ingressou no Chunichi Dragons, em Nagoia (Aichi), mas o tão sonhado mundo profissional não foi fácil.
Depois dos 3 anos como pro soube do seu desligamento do time e o sonho que o sustentava emocionalmente desapareceu. Nessa época, quando estava no fundo do poço, conheceu a cidade de Oizumi, onde vivem muitos estrangeiros e percebeu que não havia escola de idiomas.
Lembrou das dificuldades que passou por não compreender a língua japonesa, por isso, ele e a irmã mais velha decidiram abrir uma escola de idiomas em 2007.
No entanto, o Lehman Shock (falência do Lehman Brothers) em 2008 abalou a gestão da escola. Nessa ocasião, pensou que a “comida” seria menos afetada pela instabilidade econômica e em 2015 abriu o restaurante.
O menu do seu restaurante tem cerca 100 opções de pratos, especialmente os à base de carne, sendo que o pastel é o mais popular. Além dos japoneses, recebe clientes indonésios e vietnamitas, e tornou-se conhecido na região.
Semanaka disse com seu sorriso característico que quer “propagar as delícias da gastronomia brasileira para pessoas de diversos países”.
Fonte: Yomiuri