O Japão é conhecido por ser um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, com um grande investimento em tecnologia. A medicina no país não é diferente, mas, mesmo com toda a modernidade e avanço na área, o que se destaca é o funcionamento de seu sistema de saúde, que atende toda a sua população de maneira exemplar.
O Sistema de Seguro de Saúde Estatutário do Japão (SHIS) foi implementado em 1961, e, desde então, tornou-se um dos modelos mais bem-sucedidos ao redor do mundo. A saúde é uma obrigação do governo, que subsidia parte de todo tipo de atendimento médico prestado à população. Os residentes no Japão inscritos nos sistemas de saúde públicos devem pagar uma taxa de 10% a 30% dos serviços médicos, a depender de sua renda familiar, enquanto o governo nipônico é responsável pelo valor restante.
Como o sistema de saúde é uma responsabilidade da administração pública, a agência que chefia a pauta é o Ministério da Saúde do Japão. Em sua atuação, o órgão realiza estudos periódicos para determinar os valores de todos os tipos de procedimentos e medicamentos vendidos no país. Após consultar o setor de saúde, o governo negocia um preço fixo para cada um desses serviços.
Outra de suas especificidades mais importantes é sobre como os hospitais são geridos no território. As leis do país determinam que todo hospital deve ser gerenciado por um médico clínico geral, e não por empresas. Além disso, essas unidades de saúde não podem visar o lucro, tornando o direito à saúde de todo cidadão mais acessível.
Todo residente do Japão é obrigado a possuir um seguro de saúde. Os trabalhadores em geral costumam adquirir planos oferecidos por seus empregadores, os quais atendem cerca de 59% da população. Aqueles que não possuem essa opção podem recorrer aos planos administrados pelas prefeituras (kokumin hoken), sendo o que ocorre com cerca de 27% dos residentes. Já o seguro de saúde para os idosos acima de 75 anos atende aproximadamente 13% da população.
Cada um desses planos deve obedecer parâmetros estabelecidos pelo sistema nacional de saúde. Os planos, obrigatoriamente, devem oferecer cobertura de serviços de visitas ao hospital, cuidados de saúde primários, atendimento especializado, cuidados de saúde mental, fisioterapia, medicamentos, serviços de acompanhamento domiciliar e até mesmo alguns cuidados dentários.
Por conta dos baixos preços e de uma cultura de cuidado com a saúde enraizada, os japoneses costumam fazer visitas ao médico com bastante frequência. Em média, um cidadão no Japão realiza 14 consultas por ano. Em razão disso, prevalece o cuidado preventivo, realizado por médicos de família, acarretando gastos mais baixos em saúde. Dados oficiais apontam para um gasto de 8% do PIB em saúde, metade do valor empregado nos Estados Unidos.
O sistema japonês é financiado majoritariamente pelo pagamento de impostos e contribuições individuais obrigatórias. Além disso, é expressamente proibido que as unidades de saúde neguem atendimento ou a cobertura de tratamentos, independentemente de condições crônicas ou doenças preexistentes.
Como pode ser observado, a medicina no Japão opera de maneira bastante diferente do Brasil. A universalidade do sistema nipônico é levada à risca. Para isso, inúmeras medidas foram criadas para que todo cidadão tenha acesso a atendimento médico de qualidade, de maneira rápida e eficaz.
Alguns dos resultados desse modelo incluem a longevidade da população e uma das menores taxas de mortalidade infantil no mundo. Atualmente, a expectativa de vida no país é de 81 anos para os homens e de 88 anos para as mulheres. Enquanto isso, para cada mil nascidos vivos, apenas 3 mortes são registradas. Ambos os índices mostram como o sistema de saúde impacta positivamente a qualidade de vida do país.