A Nestlé, a maior empresa de produtos do consumidor do mundo, adiciona açúcar e mel a fórmulas infantis e produtos de cereais vendidos na maioria de países mais pobres, contrária às diretrizes internacionais destinadas a prevenir obesidade e doenças crônicas, segundo um relatório.
Defensores da Public Eye, uma organização não governamental (ONG), enviaram amostras de produtos alimentícios infantis da multinacional suíça vendidos na Ásia, África e América Latina a um laboratório belga para testes.
Os resultados, e verificações das embalagens dos produtos, revelaram açúcar adicionado na forma de sacarose e mel em amostra do Nido, uma marca de fórmula infantil de seguimento destinada a crianças com idade igual ou superior a 1 ano, e do Cerelac, um cereal voltado àquelas entre 6 meses e 2 anos.
Nos principais mercados da Nestlé na Europa não há açúcar adicionado nas fórmulas para bebês. Enquanto alguns cereais destinados a crianças mais velhas contenham açúcar adicionado, não há nenhum em produtos que visam bebês entre 6 meses e 1 ano.
Laurent Gabarell, especialista em agricultura e nutrição na Public Eye, disse: “A Nestlé deve colocar um fim a esses padrões de duplo perigo e parar com a adição de açúcar em todos os produtos para crianças com menos de 3 anos, em todas as partes do mundo”.
A obesidade é um problema cada vez maior
A obesidade é um problema cada vez mais crescente em países de baixa e média renda.
As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a região europeia dizem que açúcares adicionados ou agentes adoçantes não devem ser permitidos em qualquer alimento para crianças com menos de 3 anos.
Enquanto nenhuma orientação tenha sido especificamente produzida para outras regiões, pesquisadores dizem que o documento europeu continua igualmente relevante para outras partes do mundo.
Testes nos produtos, incluindo no Brasil
Testes em produtos da Cerelac vendidos na Índia mostraram, em média, mais de 2,7g de açúcar adicionado para cada porção.
No Brasil, onde o Cerelac é conhecido como Mucilon, descobriu-se que 2 de 8 produtos não tinham açúcar adicionado, mas os outros 6 continham 4g para cada porção. Na Nigéria, 1 produto testado tinha até 6,8 g.
Enquanto isso, testes em produtos da marca Nido, que tem vendas mundiais de mais de US$1 bilhão, revelaram variação significante nos níveis de açúcar.
Uma porta-voz da Nestlé disse que a companhia reduziu a quantidade total de açúcares adicionados em seus portfólios de cereais infantis em 11% no mundo na última década e continuou a reformular produtos para reduzi-las ainda mais.
Fonte: The Guardian