Pode ser que muitas famílias já tenham ouvido falar do Projeto Kirari. Sob o guarda-chuva da Kurazemi, instituição mantenedora da rede EAS-Escola Alegria de Saber, além de centenas de outras voltadas para a sociedade japonesa, o Projeto Kirari tem sido a salvação para muitos pais.
Ketelen Machado Tanaka, psicóloga do Projeto Kirari de Nagoia, é uma das poucas profissionais contratadas dentro do Japão. A maioria dos demais profissionais da área da saúde e pedagógica, como fonoaudióloga, fisioterapeuta e pedagogo, vêm do Brasil. O Projeto Kirari tem feito isso para oferecer o melhor atendimento multidisciplinar para o apoio e desenvolvimento da criança, seja por algum distúrbio de ordem psicológica ou mental, ou por dificuldade de aprendizagem.
Foi no Projeto Kirari que uma família se dirigiu para pedir ajuda, inicialmente, na unidade de Kariya (Aichi). Marlene, mãe de 3 filhos, um de 6, outro de 7 e outra de 10, atualmente, soube há 4 anos que seu filho foi diagnosticado com autismo “em grau não tão grave, mas hoje o de 7 anos tem mentalidade de 3”, explica.
Mal tinha recebido o primeiro choque, soube que a filha de 6 anos, hoje com mentalidade de 1 ano e 9 meses, “também era autista em grau elevado”, revela.
“Como não aceitei essas condições dos meus filhos, entrei em depressão e estou fazendo tratamento até hoje. E ainda estou inapta ao trabalho”, conta a sua dor.
O Projeto Kirari foi a salvação para as crianças
“Vendo que dou muita atenção aos irmãos menores, a minha filha mais velha começou a desenvolver dificuldade de aprendizagem na escola”, explica a mãe. Para que a família pudesse cuidar melhor das crianças tiveram que escolher mudança de cidade, quando acabaram vindo a Nagoia (Aichi).
“Tomei conhecimento do Projeto Kirari de Kariya e íamos para lá levar as crianças só nos sábados, pois era longe de onde morávamos. Depois que nos mudamos para Nagoia, passamos a frequentar a unidade de Anjo todas as segundas e quintas, além do sábado e domingo”, explica a Marlene.
Quando ela e o marido souberam da inauguração do Kirari de Nagoia, pediram para serem apresentados. “O sistema de Nagoia é diferente, com atendimento em grupo, e isso melhorou demais o desenvolvimento das crianças”, conta com uma ponta de sorriso.
Para Marlene, “o Projeto Kirari, desde Kariya a Nagoia, tem sido uma bênção em nossas vidas. Eu não tenho palavras para expressar minha eterna gratidão”, fala comovida.
Desenvolvimento e sociabilidade dos filhos autistas
A filha com autismo grave ainda usa fraldas e não falava nada até começar a frequentar a instituição. “Hoje ela já começa a balbuciar, não tem mais crises graves e podemos sair tranquilamente com ela. Já o menino passou a gostar de ir para os parques e de passear. Sabe, eles vão e voltam felizes do Kirari. Eles adoram ir pra lá, isso traz alegria”, revela.
A psicóloga Ketelen informa que os pais precisam ir até a prefeitura ou subprefeitura solicitar a carteirinha chamada jikyushasho (escreve-se 受給者証) para poderem se beneficiar do atendimento do projeto. Depois marca-se a consulta e é realizado um plano individual de tratamento.
Em Nagoia, a educação terapêutica em grupo é realizada com 3 a 4 profissionais, onde se incluem atividades como música, desenhos, exercícios físicos e contato com os colegas. Tudo isso com acompanhamento de psicóloga e fonoaudióloga. A criança desenvolve-se no aspecto social, intelectual, nos seus pontos fortes e melhora a autoestima. Foi o que percebeu a mãe Marlene.
Tudo isso a baixíssimo custo ou custo zero
Segundo Marlene, por conta da sua própria doença e dos filhos, o marido teve que se responsabilizar por toda a família. Assim, os 3 filhos dela frequentam o Kirari e não pagam nada. “Tudo é bancado pelo governo. Isso é uma bênção, pois vejo o grande progresso dos meus filhos”, relata.
Mães ou pais solteiros com filho que necessita de apoio também não pagam nada. Já para os pais que possuem renda, paga-se uma taxa pequena, de acordo com os ganhos. Marlene conta mais um serviço oferecido em Nagoia: o transporte escolar (sogei) para as crianças. Assim, para irem e voltarem da instituição e, durante o período em que ficam lá, Marlene não se preocupa com eles. Quando voltam para casa, procura praticar o que elas aprendem no Kirari.
O Projeto Kirari está com 17 unidades que prestam atendimento em português, localizadas nas províncias de Aichi, Mie, Shizuoka, Gunma e Ibaraki.
Informe-se no Projeto Kirari de Nagoia
- Endereço: Aichi-ken Nagoya-shi Minato-ku Kouraku 3-13-22 1F
- Telefone: 052-387-8625
- Atendimento em horário comercial
Assista ao vídeo institucional do Projeto Kirari:
Fotos: Divulgação