No sábado (23) o dono do Nagoya Sushi School, André Nobuyuki Kawai, 44, do Rio de Janeiro, 29 anos, residente em Komaki (Aichi), teve uma grata surpresa. Depois do World Sushi Cup seu nome foi chamado para a entrega do diploma de Embaixador do Sushi no Brasil e em Portugal, além de dois certificados de gratidão pela sua contribuição.
“Essa conquista foi além do que almejei, nunca botei no meu coração que chegaria aí. Tive preconceito por parte dos japoneses, mas venci e hoje conheço todas as maiores autoridades do sushi”, revela.
Com seu jeito tranquilo e positivo o chef e professor André contou que não conteve as lágrimas de emoção. Confessou “fui além das minhas expectativas”, pois esse título foi concedido pelo World Sushi Skills Institute, ligado ao Ministério da Agricultura e Piscicultura do Japão.
O embaixador é o profissional que organiza os eventos de sushi, da associação do sushi, além de entrar para o corpo de jurados, no país lusitano e também na sua terra natal.
De chef de sushi a embaixador
Para Kawai o ano de 2015 foi marcante. Foi o primeiro brasileiro a obter a proficiência do sushi. A Associação Geral do Sushi, em Tóquio aplica, um dia de prática, com manipulação e higiene do peixe cru, e um de teórica. Nesse aspecto precisa saber de detalhes do shari (arroz para sushi), entre outras.
Também obteve o Kuro Obi. Esse título o incluiu como itamae (chef de sushi), qualificando-o ao lado dos colegas japoneses.
De churrasqueiro ao caminho do fortalecimento
O dono e professor do Nagoya Sushi School conta que nem tudo foi fácil. Mas desde criança achava o chef vestido de roupa branca, muito bonito. Parece que era um sonho escondido.
No Japão desde 1991 boa parte da trajetória profissional foi com alimentos. Foi churrasqueiro em diversos estabelecimentos por cerca de 12 anos. Teve seu próprio restaurante na época da crise, o Rota 51, em Iwakura (Aichi). Mas sofreu um acidente por causa do vazamento do gás carbônico e quase morreu. Passou a se dedicar a ser aluno dos cursos de sushi.
Até que em 2009 começou a dar cursos em sala alugada, na cidade de Komaki (Aichi). Dois anos depois, em 2011, inaugurou a escola em Marunouchi, onde está até hoje.
Embora fosse o dono da escola quem dava aula era um mestre japonês. “Até que ele dissesse ‘você está pronto para dar aula’ levou uns 5 a 6 anos”. É como se fosse um teste diário de resistência à pressão e para ver o quanto estava me fortalecendo interiormente.
Espírito de itamae
Kawai explica “venho de cultura japonesa, estudei em escola militar, sempre soube manejar a hierarquia muito bem. Por isso, pra mim não foi difícil, mesmo o professor sendo rígido. Tem que ser forte diante do chef japonês. Pois ele chama à atenção todos os dias”.
“Uma vez em Tóquio o chef me deu uma caixa de kohara, um tipo de peixe pequeno, com umas 30 unidades e disse para limpar em 15 minutos. E eu perguntei ‘15min.?’, foi quando ele respondeu ‘agora são 10’. Ou seja, ao invés de responder ‘hai’ e fazer logo perdi tempo perguntando. Isso acontece pra ver se aguenta a pressão”, relembra.
Além disso, superou o preconceito por ser estrangeiro em um meio tipicamente japonês. “Já era para ter parado há muito tempo, pois foram muitos sofrimentos, mas superei”, pontua.
Das lições aprendidas dos ancestrais ele revela que nunca vai parar de estudar, para se atualizar e incorporar coisas novas.
Mais de 1.000 alunos e divulgação do sushi
Repassa não só os conhecimentos técnicos mas também essa cultura tradicional japonesa. “Já passaram mais de mil alunos”, conta feliz. E se sente orgulhoso de ter tantos alunos como chefs ou donos de restaurante em Portugal, Itália e Brasil.
Para ele essa conquista de agosto foi algo inesperado. “Sabia que existe mas nunca imaginei que iria ser reconhecido”, revela. Foi o fruto de muitos anos de paciência oriental e dedicação para consigo mesmo e com os alunos. Também de tanto acompanhar os mestres japoneses no Brasil e Portugal para cursos e workshops.
Assista aos vídeos cedidos pelo Embaixador do Sushi no Brasil e em Portugal. O primeiro é em agradecimento à sua valiosa contribuição para a divulgação do sushi no exterior. O segundo também é em agradecimento à propagação das técnicas e higiene do sushi de forma valiosa em várias partes do mundo.
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