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O cancelamento forçado de grandes festivais e eventos de fogos de artifício no verão deste ano no Japão devido à pandemia de coronavírus está causando frustração para os vilarejos e cidades anfitriãs que dependem de contribuição cultural e financeira que eles geram.
O vírus forçou grandes eventos que eram para fazer parte do Festival de Gion de Quioto a serem cancelados pela 1ª vez em 58 anos, enquanto o Festival Nebuta em Aomori também não acontecerá pela primeira vez em 62 anos.
O Festival Yosakoi de Kochi também foi cancelado pela primeira vez em 66 anos de história.
Ikujiro Kimura, chefe do comitê organizador do Festival Gion, explicou o dilema que sua organização enfrenta.
Ele diz que a população em Quioto gostaria de realizar o desfile anual Yamahoko de carros alegóricos como de costume, mas a antiga capital não quer correr o risco de se tornar um centro de infecção por coronavírus.
O desfile, geralmente descrito como uma “galeria de arte móvel”, é o destaque do festival, o qual dizem remontar ao ano 869 quando uma cerimônia foi realizada para orar pela partida de epidemias.
“Foi a decisão mais conturbada”, disse Kimura, em referência ao cancelamento do desfile, que é realizado anualmente em 17 e 24 de julho e atrai dezenas de milhares de turistas por dia do Japão e do exterior.
Ryuho Tatsuta, residente de Aomori que produz gigantes carros alegóricos de lanternas destacadas no Festival Nebuta, estava de forma similar triste quando o festival no nordeste do Japão se deparou com o mesmo destino.
“O festival faz parte de nossas vidas”, disse Tatsuta. “Não posso imaginar nossas vidas sem essas cenas porque as pessoas em Aomori dizem que sentimos o outono após o festival”.
Realizado todo ano de 2 a 7 de agosto, o festival atrai cerca de 2,85 milhões de pessoas do Japão e do exterior que vêm para ver os carros alegóricos, alguns medindo cerca de 5 metros de altura, que desfilam pela cidade de Aomori rodeados por dançarinos.
Além da decepção local, cancelamentos de eventos anuais de verão prejudicaram negócios envolvidos, como fabricantes de fogos de artifício.
O cancelamento do evento de fogos para o Festival Tenjin em Osaka em julho causou uma queda significante para a Gunsmith Kunimoto, fabricante de pólvora em Quioto.
Antes do Santuário Osaka Temmangu ter anunciado o cancelamento em meados de abril, a companhia havia começado a produzir conchas de fogos de artifício para o festival que atrai cerca de 1,3 milhão de pessoas todos os anos.
“Sei que não há nada que possa ser feito (devido ao coronavírus), mas grande parte de nosso lucro é gerado em poucos meses de verão”, disse Masaki Ueno, diretor da Gunsmith de Kunimoto.
Citando cancelamento do hanabi para o Ise-Jingu National Dedicatory Fireworks Festival em julho na província de Mie e outros eventos no Japão, Tomohiro Yamazaki, diretor de uma fábrica de fogos de artifício em Ibaraki, disse “Nossos lucros relacionados aos fogos de artifício caíram para praticamente zero”.
Algumas das conchas de fogos terão que ser descartadas porque elas são vulneráveis à umidade e a quantidade de pólvora que uma fabricante pode armazenar é regulada por lei, de acordo com Yamazaki.
Ele disse que o impacto do coronavírus sobre negócios será mais significante do que aquele que a companhia sofreu após o desastre de março de 2011.
Mais desapontamentos serão sentidos por residentes de Tóquio e áreas vizinhas que normalmente participam do Festival de Fogos do Rio Sumida em julho. Cancelado para 2020, o evento normalmente atrai cerca de 1 milhão de espectadores.
Fonte: Kyodo News and Culture