O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deu uma entrevista exclusiva para a estatal NHK, pela primeira vez, para uma mídia japonesa, desde a invasão russa em 24 de fevereiro deste ano, sob forte esquema de segurança.
A entrevista foi concedida na sede da presidência, na capital da Ucrânia, na quarta-feira, dia 25 (terça-feira no local).
“Havia países que pensavam que a Ucrânia seria ocupada pela Rússia. Três dias se passaram, três semanas se passaram e três meses se passaram. Eu não achava que a tentativa seria bem sucedida”, declarou mostrando sua determinação em continuar a luta para defender o país, sendo capaz de combater o exército russo com apoio do ocidente.
Embora a inferioridade do exército russo também tenha sido relatada, em relação à futura estratégia do exército ucraniano, ele disse: “Estaremos prontos para um contra-ataque quando chegarem as armas necessárias, como mísseis de longo alcance“.
Recuperação do território
“Para todos os ucranianos, a vitória é recuperar o território. É certo que devemos recuperar todo o nosso território, tanto na região de Donbas como na península da Criméia, mas isso geraria vítimas. Por isso, vamos recuperar como estava antes de 24 de fevereiro”, declarou Zelensky.
“Então, estarei na mesa de negociações”, considerando o difícil cessar-fogo, a menos que o território fosse recuperado ao estado em que estava antes da invasão das tropas russas.
Sem exportação dos grãos ao mundo
“O fato de 22 milhões de toneladas de grãos serem impedidos de exportação porque a Rússia bloqueou o Mar Negro, enviando navios antimísseis, prejudicou a Ásia, Europa e África”, apontou.
“Graças ao fato de que o mundo está centrado em torno da Ucrânia, as sanções contra a Rússia estão começando a surtir efeito”, disse Zelensky, apelando para mais ações contra o país invasor.
Rússia poderá fazer o mesmo em outros países
O presidente Zelensky também disse: “Se a Europa permitir, a Rússia poderá fazer o que está fazendo com a Ucrânia, como invasão territorial em outros países, tortura de jovens e civis, genocídio, destruição de infraestrutura importante e usinas nucleares, em outros territórios”.
Por isso, enfatizou que é imperativo perseguir rigorosamente a responsabilidade da Rússia por essa invasão militar.
Em relação ao Japão
“Não é desejável que a China se una à Rússia. Acho que o Japão entende isso bem”, apontou.
“Foi importante para nós que o Japão apoiasse a Ucrânia de forma clara, franca, substancial e total”, disse, e agradeceu ao Japão por seu apoio.
Além disso, agradeceu aos Estados Unidos, Austrália e Índia, enfatizando a coesão do Quad. Expressou expectativas para o papel do Japão em sediar a cúpula do Quad.
Fonte: NHK