O bairro de Takadanobaba de Tóquio é às vezes chamado de “campo de batalha do lámen”.
Com a Universidade de Waseda e várias escolas especializadas dentro do bairro, Takadanobaba é lotado de dia e de noite com estudantes famintos, o que resultou em uma das mais altas concentrações de casas de lámen de Tóquio e intensa competição para clientes.
Mas há uma batalha de diferente tipo acontecendo em um restaurante em Takadanobaba, o qual recentemente adotou uma nova política: clientes estão proibidos de assistir a vídeos em seus smartphones enquanto comem.
A regra entrou em vigor neste mês no Debu-chan. O proprietário, Kota Kai, tuitou sobre a adoção da regra na quinta-feira (15) e agora decidiu seguir com a ideia.
Duas coisas levaram à decisão. Primeiro, Kai fica intrigado em ver o foco de clientes mais em seus smartphones do que na comida, lamentando que o macarrão fica empapado se não é consumido rapidamente. “É doloroso para mim ver que o lámen o qual coloquei minha alma arruinado perante meus olhos”, diz ele.
E a segunda razão é mais prática. Como outros restaurantes de lámen, o Debu-chan não tem uma grande capacidade de lugares e é popular o suficiente que as pessoas geralmente fazem fila no lado de fora.
“É difícil para as pessoas esperando lá fora verem outras lá dentro relaxando com seus vídeos”, acredita Kai, e a nova política deve acelerar o processo de entrada e saída de clientes.
A proibição de vídeos do Debu-chan espalhou debate, e ele toca em vários valores culturais japoneses e normas sociais.
O Japão, geralmente, tem um alto nível de respeito por comida e chefs, e deixar vaga sua mesa de uma maneira pontual quando outras pessoas estão esperando por um lugar é considerado um ato de boas maneiras, especialmente durante o pico do horário do almoço ou jantar em grandes cidades como Tóquio.
Por outro lado, o lámen é considerado uma comida casual, algo para ser desfrutado livre de pretextos formais de restaurantes da alta gastronomia. É comum restaurantes de lámen terem pilhas ou prateleiras de mangás para os clientes lerem ou uma TV para assistirem.
Então, enquanto muitos usuários do Twitter aplaudiram a proibição de vídeos no Debu-chan, outros sentem que isso ultrapassou os limites de autoridade por parte do restaurante:
“Pessoalmente, não gosto quando restaurantes forçam esse tipo de atitude ‘colocamos nossas almas nisso’ sobre os clientes. Prefiro comer minha comida sem esse tipo de atmosfera pesada”.
“Estranho. Estive nesse restaurante de lámen e eles têm uma TV (acima do balcão). Então assistir TV enquanto come está OK, mas assistir YouTube não?”.
Não parece que Kai acha que os clientes assistindo vídeos enquanto comem estão tentando arruinar seu lámen intencionalmente ou deixar outras esperando, dizendo “Acredito que elas estão apenas relaxando da maneira que elas gostam, mas um restaurante não é a sua casa”.
Ele acrescenta que usar o smartphone para tirar foto do lámen depois que ele é servido ainda é permitido, mas se você quiser assistir qualquer outra coisa do que está passando na TV do restaurante enquanto come terá que ir a outro lugar o que, pelo menos, não é uma coisa muito difícil de fazer em Takadanobaba.
Fonte: Sora News