O novo chefe da agência J-pop desonrada pelo abrangente abuso sexual cometido pelo seu falecido fundador, Johnny Kitagawa, também foi acusado de assediar sexualmente jovens garotos.
Noriyuki Higashiyama disse que não era capaz de lembrar de atos reportados os quais ele afirma que podem ou não podem ter ocorrido.
Ele foi nomeado o novo chefe da Johnny & Associates após Julie Fujishima ter renunciado pelas infrações de seu tio.
Higashiyama vai liderar os esforços da agência para compensar vítimas e buscar melhorias.
Entretanto, na quinta-feira (7) durante uma coletiva de imprensa a qual anunciava a partida de Fujishima e a sua nomeação, Higashiyama também se deparou com perguntas sobre seu próprio abuso reportado.
Jornalistas perguntaram se alegações publicadas em um livro dizendo que ele massageou os testículos de garotos, expôs seus genitais e disse a eles para “comerem sua salsicha” eram verdade.
“Não me lembro claramente. Talvez tenha acontecido, talvez não. Não consigo lembrar”, respondeu ele.
Ele acrescentou que era possível que ele tenha sido mais rigoroso com artistas mais novos, e que ele pode ter feito coisas quando adolescente ou quando tinha uns 20 anos que ele não faria agora.
Higashiyama foi um dos primeiros talentos a serem recrutados pela Johnny & Associates. Muitos comentaristas online criticaram sua nomeação, citando sua longa história junto à companhia.
“Levará tempo para recuperar confiança, e estou colocando minha vida na linha para esse esforço”, disse ele.
Ele acrescentou que nunca foi vítima do abuso de Kitagawa, mas que tinha consciência dos rumores.
Johnny Kitagawa morreu em 2019, mas nunca enfrentou acusações
Kitagawa foi provavelmente a figura mais influente e poderosa na indústria de entretenimento do Japão. Sua agência foi a porta de entrada do estrelato para muitos homens jovens ao longo dos anos.
Na semana passada, uma investigação independente descobriu que o magnata pop abusou de centenas de meninos e homens jovens ao longo de seis décadas, incluindo quando era chefe da agência de boyband.
Ele morreu aos 87 anos em 2019, nunca tendo enfrentado acusações e sempre negando transgressões. A morte de Kitagawa foi um evento nacional – com até mesmo o então primeiro-ministro enviando condolências.
Embora relatos sobre seu abuso terem sido um segredo aberto na indústria, por décadas mídias dominantes japonesas não cobriram as alegações.
Contudo, um documentário da BBC neste ano sobre Kitagawa e a indústria J-pop espalhou discussão nacional e levou mais vítimas a se apresentarem. Isso levou a uma investigação independente, a qual recomendou na semana passada que a chefe da agência renunciasse.
Fujishima reconheceu o abuso de Kitagawa pela primeira vez na quinta-feira.
Ela disse que o magnata do pop era tão poderoso que muitos na agência, incluindo ela mesma, se mantinham em silêncio.
Fonte: BBC