A pílula antiviral molnupiravir da Merck foi um dos primeiros tratamentos contra Covid lançados durante a pandemia (banco de imagens)
Um medicamento anticovid amplamente usado no mundo pode ter causado mutações no vírus, disseram pesquisadores na segunda-feira (25), mas não há evidência que as mudanças levaram a variantes mais perigosas.
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A pílula antiviral molnupiravir da gigante farmacêutica Merck foi um dos primeiros tratamentos lançados durante a pandemia para prevenir que a covid-19 se tornasse mais grave em pessoas vulneráveis.
O medicamento, que é administrado oralmente ao longo de 5 dias, funciona principalmente ao criar mutações no vírus com a meta de enfraquecê-lo e exterminá-lo.
Entretanto, um estudo liderado pelo Reino Unido mostrou que o molnupiravir “pode dar origem a vírus significantemente mutantes que continuam viáveis”, disse o autor líder Theo Sanderson à agência de notícias AFP.
Sanderson, geneticista no Instituto Francis Crick de Londres, enfatizou que não há evidência que o “molnupiravir até agora criou vírus mais transmissíveis ou mais virulentos”.
Nenhuma das variantes que se espalhou no mundo foi devido ao medicamento, acrescentou ele.
Para o estudo, que foi publicado no jornal Nature, os pesquisadores examinaram bases de dados de mais de 15 milhões de sequências de genomas da SARS-CoV-2, o vírus que causa a doença covid-19.
Os pesquisadores usaram esses dados para rastrear mudanças em como o vírus sofreu mutação durante a pandemia, encontrando sinais de uma “assinatura mutacional” particular em pacientes os quais eles acreditam estar ligada ao molnupiravir.
Em 2022, quando o medicamento foi prescrito em altos números, houve um aumento significativo em pacientes que tinham essa assinatura mutacional, descobriu o estudo.
Essa assinatura foi mais comumente encontrada em países onde o medicamento foi prescrito de forma ampla como EUA, Reino Unido, Austrália e Japão.
Mas em nações onde ele não foi aprovado, incluindo Canadá e França, ele foi mais raro.
A Merck rebateu o estudo, dizendo que os pesquisadores dependeram de “associações circunstanciais” entre onde e quando as sequências foram tiradas.
Fonte: Channel News Asia