Duas futebolistas brasileiras, pertencentes ao Diosa Izumo FC, da segunda divisão, com sede na cidade de Izumo (Shimane), apresentaram acusação por escrito à Liga Japonesa de Futebol Feminino ou Nadeshiko League.
As duas jogadoras de futebol – Laura Spenazzatto, 26, e Thays Ferrer, 25 – ingressaram ao time da província de Shimane em agosto de 2022 e, desde então, a cada erro durante o treino ou partida, o treinador as chamava com um palavrão que significa genitália masculina em português, quando não entendiam as instruções em japonês. “Esses caras não entendem?”, questionava o coach japonês.
O intérprete, estipulado em contrato, só estava disponível uma vez por semana e, quando elas apontaram os problemas, o técnico teria feito comentários como “privar as meninas da oportunidade de jogar”. Elas pediram ao clube que melhorasse o ambiente, mas como não houve progresso, apresentaram a acusação à Liga Japonesa de Futebol Feminino na quarta-feira (6).
Laura e Thays também consideram entrar com uma ação civil para buscar indenização pelos danos causados.
Jogadoras com diagnóstico de transtorno de estresse agudo
Além disso, quando o responsável pelo bem-estar, nomeado pela Nadeshiko League nos clubes com o objetivo de eliminar a violência e a discriminação, teve uma discussão com o treinador em maio deste ano, disse que se apelasse diretamente para o presidente do time, ele seria obrigado a “não vou usá-las”, indicando sua intenção de não convocá-las para os jogos.
Em julho deste ano, as duas futebolistas brasileiras foram diagnosticadas com transtorno de estresse agudo (TEA) por pressão do coach, e em agosto se afastaram das atividades da equipe. Continuaram recebendo tratamento psiquiátrico.
Não destruam nossos sonhos
Além disso, o clube adiou repetidamente a resolução do problema em resposta aos pedidos feitos através do responsável pelo bem-estar e do advogado. Laura e Thays não estão aptas para voltar a jogar nesta temporada, e nenhuma explicação foi dada às colegas da equipe.
“Não estamos aqui para sofrer por causa do abuso de poder. Queremos que a verdade e a lei sejam respeitadas. Por favor, não destruam os nossos sonhos”, disseram as duas futebolistas em coletiva de imprensa.
Clube se defende e cria um impasse
O clube também realizou uma coletiva de imprensa no mesmo dia admitindo que, apesar dos esforços, não disponibilizou um intérprete todos os dias.
Mas, negou os assédios sexual e de poder do treinador argumentando que “apenas disse palavras que aprendeu e nunca se dirigiu às jogadoras durante os treinos e jogos”. Também negou ter dito que iria privá-las da oportunidade de jogar. Portanto, contradisse à demanda das duas brasileiras.
O Diosa Izumo FC informou que a pedido da Liga Japonesa de Futebol Feminino já concluiu a investigação interna sobre o dirigente e as duas jogadoras, mas realizará uma ouvidoria com intérprete e, dependendo dos resultados, considerará ações disciplinares contra os demandados, que são os dirigentes e o treinador.
Fontes: NTV, NHK e JNN