Foto ilustrativa de mulher com depressão, mesma situação da brasileira deportada (PM)
O Tokyo Shimbun conseguiu contato com a brasileira deportada do Japão, de 20 anos, que em 8 de novembro, saiu das instalações da Imigração de Tóquio, onde estava detida e foi levada ao aeroporto de Narita, de onde partiu às 8h30.
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Ela que foi criada no Japão e tem o japonês como idioma principal, chegou no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo-SP, às 16h30 do dia seguinte, 9 de novembro, depois de 32 horas de voo.
Sem ter para onde ir, relatou que dormiu nos assentos do aeroporto por 3 dias. “Foi uma experiência terrível”, relatou a jovem brasileira. “Não consegui dormir porque estava preocupado com o roubo da minha bagagem”, disse.
Órfã, foi adotada por um casal de brasileiros
Para relembrar a história da brasileira deportada do Japão, cresceu órfã em uma instituição no Brasil. Foi adotada por um casal nikkei quando tinha 12 anos e a família foi ao Japão em 2016.
Ela se formou no colegial, mas se afastou dos pais adotivos porque tiveram um filho biológico. Vivendo sozinha, seguiu estudando em uma escola profissionalizante, com visto de estudante. Durante o curso teve depressão e, pelas faltas às aulas, perdeu seu status e foi detida em agosto deste ano.
Com ordem de deportação, não teve outra escolha, embora só saiba falar japonês e não ter familiares para recebê-la no seu país de origem.
Brasileira no seu país e sem destino…
O Consulado Geral do Brasil no Japão recomendou uma acomodação temporária para ela em uma ONG, mas não havia vaga disponível quando chegou. Não teve outra saída senão usar os bancos do aeroporto.
Foto ilustrativa de poucos ienes (PM)
O único dinheiro que tinha em mãos eram 20 mil ienes, fruto da doação dos apoiadores dela enquanto esteve detida na Imigração. “Matei minha fome com biscoitos”, relatou.
Nas redes sociais, a brasileira deportada encontrou o nome do irmão biológico mais novo, que foi separado dela quando estavam na instituição e eram crianças.
Contou que viajou 16 horas de ônibus, saindo de São Paulo, para ficar com seu irmão e seus pais adotivos. Estando na casa dessa família, ela relatou que “foi muito doloroso. Estou com danos psicológicos e estou recebendo tratamento”.
Deportação da brasileira sem nenhum apoio da Imigração
Se a pessoa for forçosamente repatriada e sem ter familiares no seu país de origem, pode receber assistência da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas por razões humanitárias.
Os apoiantes dela solicitaram ao Departamento de Imigração de Tóquio que utilizasse a OIM. Mas a brasileira deportada não aceitou porque um oficial teria dito para ela que “se recebesse assistência da OIM, nunca mais poderia entrar no Japão”.
Leia a matéria sobre ela antes de sua partida, quando ainda estava na Imigração.
Fonte: Tokyo Shimbun