
Foto ilustrativa do modelo Pilot da Honda, fabricado no Canadá (reprodução)
O anúncio do tarifaço (25%) sobre os veículos importados feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impacta não só a indústria automotiva do Japão mas também as de peças.
Além disso, o mais grave é o impacto econômico. Segundo algumas empresas privadas de think tank, estima-se que esse tarifaço reduziria as exportações de veículos para os Estados Unidos e levaria a uma queda na produção doméstica, reduzindo assim o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão, na casa de 0,2%. Atualmente está na casa dos 3,97 trilhões de dólares ou 600 trilhões de ienes, com o aumento no período de outubro a dezembro do ano passado. O impacto seria gigantesco.
Isso seria péssimo para o Japão, pois a indústria automotiva emprega 10% da mão de obra do país.
Por esse motivo, há apelos da indústria automotiva para que o governo japonês faça lobby junto ao governo Trump.
Tarifaço: Japão em 3.º lugar na exportação de carros para os EUA
O impacto nas exportações japonesas para os EUA é gigantesco, já que o país está em 3.º lugar nas exportações:
- México: 2,96 milhões de unidades anuais
- Coreia do Sul: 1,54 milhão
- Japão: 1,38 milhão
- Canadá: 1,07 milhão
Acontece que as montadoras e as indústrias fornecedoras têm empresas, não só no Japão, como no México e Canadá. Todas estão sendo forçadas à reestruturação.
Tarifaço afeta montadoras japonesas no Canadá

Tundra da Toyota fabricada no Canadá (reprodução)
O mercado automobilístico dos EUA é o segundo maior do mundo, depois da China, e vende veículos grandes e lucrativos, além de carros de luxo.
De acordo com autoridades americanas, as vendas de veículos novos no país em 2024 foram de aproximadamente 16 milhões de unidades. Desse total aproximadamente 8 milhões foram carros importados, representando cerca de metade do total.
Além disso, tanto a Toyota quanto a Honda possuem plantas no Canadá, cujo tarifaço é um problema. Segundo a Jetro, a Toyota produziu 520 mil unidades por lá, sendo que 220 mil foram vendidas internamente e outra parcela foi embarcada para os EUA.
No caso da Honda, em 2022, produziu 370 mil unidades, sendo que 77% foram para exportação à terra do Tio Sam.
Mais de 700 empresas do Japão no México afetadas pelo tarifaço

Toyota Hilux fabricada no México (reprodução)
Na pesquisa do Teikoku Data Bank, de março de 2025, são 746 empresas japonesas operando no México, das quais 65,3% (487 empresas) são da indústria automotiva.
Além do grande número de fornecedores da Toyota, cerca de 40% de todas as empresas que se instalaram por lá têm fábricas ou bases de produção locais, com um número particularmente grande de fabricantes de peças automotivas. Espera-se que as empresas respondam ao aumento dos custos de produção devido ao tarifaço de 25% dos EUA, levando em consideração e também a implementação de transferências das bases de produção, o que provavelmente terá um impacto em muitas das empresas para se mudarem.
De acordo com a Organização de Comércio Exterior do Japão (Jetro), a Nissan produziu mais de 615 mil veículos no ano passado, no México, dos quais aproximadamente 40% foram exportados para os EUA.
A Toyota exportou 90% dos 250 mil veículos, da Mazda foram cerca de 50% dos 202 mil, Honda enviou 80% dos 167 mil produzidos.
As 487 empresas são ligadas à indústria automotiva, fazendo parte da cadeia de suprimentos, lideradas por 8 fabricantes de veículos acabados – excluindo ônibus e caminhões – como Toyota e Honda, que respondem por 65% da fatia desse mercado.
- 404 fabricantes ligados à Toyota
- 302 ligados à Honda
- 268 ligados à Nissan
- 224 ligados à Mazda
Todas essas e outras empresas, que abastecem a produção de carros do Japão no México já começam a considerar suas transferências para os EUA, por causa do tarifaço, o que causará um impacto no país. O motivo é que o mercado mexicano está em expansão e muitas dessas empresas se instalaram lá com expectativas de crescimento local, para oferecer vendas de bens e serviços ou bases de manutenção de equipamentos.

Honda CR-V fabricada no México (reprodução)
Fontes: Teikoku Data Bank, TV Tokyo Biz, NHK e Nikkei