O ex-diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da China disse que a teoria de vazamento de laboratório para as origens da covid-19 não deveria ser desconsiderada.
George Gao, virologista internacionalmente respeitado, também disse que uma outra divisão do governo chinês havia investigado a teoria de vazamento de laboratório, o primeiro reconhecimento do tipo de que uma investigação oficial ocorreu. “Eles não encontraram irregularidades”, disse ele.
Gao atuou como chefe do CDC até julho de 2022, colocando-o na linha de frente das investigações da China sobre as origens da Covid.
O vírus foi detectado pela primeira vez em Wuhan, uma cidade na central da China, em dezembro de 2019. Vários estudos sugeriram que a Covid mais provavelmente surgiu de um mercado úmido em Wuhan onde animais vivos eram vendidos.
Entretanto, a cidade também é lar para o Instituto de Wuhan de Virologia, uma instalação de pesquisa que estuda coronavírus. Isso levou à teoria de que o vírus vazou de um laboratório. A teoria, inicialmente descartada por especialistas de saúde pública, foi incitada por Donald Trump quando ele era presidente dos EUA. A China negou isso vigorosamente.
“Você sempre pode suspeitar de algo. É ciência. Não descarte nada”, disse Gao em entrevista para a BBC.
Gao é agora vice-presidente da Fundação Nacional de Ciência Natural da China, um órgão financiador do governo.
A investigação sobre as origens da Covid foi frustrada pela falta de cooperação do governo chinês com esforços de averiguação internacionais e a politização da questão. No Ocidente, questões sobre uma possibilidade de vazamento de laboratório foi ligada à ideia de que o vírus foi deliberadamente e maliciosamente liberado no mundo, que alimentou teorias da conspiração.
A China está combatendo uma nova onda de infecções por Covid após abandonar praticamente todos as restrições de controle da pandemia em dezembro, após 3 anos buscando uma política Covid zero.
Em maio, Zhing Nanshan, cientista sênior chinês, estimou que o pico de infecções chegaria no fim de junho, com cerca de 65 milhões de infecções por semana.
Fonte: The Guardian