Num contexto do iene historicamente fraco, que continua mesmo depois de o Banco do Japão (BOJ) ter decidido finalizar a sua política de taxas de juro negativas, o movimento dos jovens para deixar o Japão poderá acelerar no futuro.
Na quarta-feira (27), o iene desvalorizou no mercado de câmbio, chegando a quase 152 ienes por dólar, pela primeira vez em 34 anos.
Para a população japonesa é ruim, mas é ótimo para os turistas estrangeiros, pois podem gastar mais. “Pessoalmente, estou feliz porque posso desfrutar de mais coisas. Comi lámen ontem e parecia barato quando convertido em dólares de Hong Kong”, disse um turista em visita a Fukuoka.
Jovens japoneses dekasseguis
Por outro lado, o que se vê são os jovens japoneses indo para o exterior para ganhar muito mais, os chamados dekasseguis. E uma das opções mais rápidas é o programa de working holiday ou trabalhar para custear as despesas com a viagem, com limite de idade de 18 a 30 anos ou até 35, dependendo do país escolhido.
“Antes, a esmagadora maioria das pessoas dizia que ‘quero ter experiências no exterior e adquirir conhecimentos de inglês’. Agora, a expressão mudou para ‘quero ganhar dinheiro’ e está aumentando”, explicou Itsuro Fujita, da Associação de Working Holiday do Japão.
Como uma resposta à desvalorização do iene, a procura aumentou ainda mais. Só para a Austrália, o número de vistos para o working holiday emitido para os japoneses foi o maior de todos os tempos. No ano passado foram mais de 14 mil vistos, o maior de todos os tempos, explicou.
A TNC fez uma entrevista online com um japonês de Fukuoka, 24 anos, que trabalha em uma fábrica de carnes na Austrália, o qual disse que seu salário por hora é de 35 dólares australianos, o equivalente a 3,5 mil ienes, bem diferente do salário mínimo a hora em sua província natal, de 941 ienes. Explicou que a sua renda mensal é de cerca de 5,6 mil dólares australianos, ou cerca de 552 mil ienes na conversão.
Ele disse que irá prorrogando seu visto e no futuro pretende obter o de residência permanente na Austrália. “Pensando no que ganho, não quero mais voltar ao Japão”, disse o dekassegui. Um dos motivos é que “no Japão se fica preso ao trabalho e os salários são baixos”.
Fonte: TNC