
Foto ilustrativa de homem sofrendo (PM)
A data de 1.º de fevereiro marcou o quarto aniversário do golpe militar em Mianmar, mas, por outro lado, uma série de estrangeiros são atraídos com falsas ofertas de empregos, aliciados por membros da máfia chinesa.
Aproveitando a confusão causada pelos conflitos entre grupos pró-democracia e os militares, os fraudadores da máfia chinesa expandem sua influência no país.
Em janeiro, a Rede da Sociedade Civil de Apoio às Vítimas de Tráfico Humano, um grupo tailandês que trabalha para resgatar vítimas, disse que cerca de 6 mil pessoas de 21 países e regiões, incluindo China e Indonésia, podem ter sido forçadas a trabalhar nessas fraudes em Mianmar. Dentre eles, 6 são japoneses. A estimativa é baseada em entrevistas com vítimas resgatadas e sua credibilidade não é clara.
Brasileiros vítimas de tráfico humano no Mianmar

Pessoa sendo torturada (PM)
Segundo a imprensa brasileira, ao menos 2 cidadãos brasileiros foram vítimas de tráfico humano.
De acordo com o Carta Capital, o brasileiro Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, que já morava entre Filipinas e a Tailândia, recebeu uma suposta proposta de emprego, com oferta de uma boa vaga, em outubro do ano passado. O suposto recrutador foi se encontrar com ele em uma cidade vizinha da Tailândia. Só mais tarde, disse que era obrigado a trabalhar 15 horas por dia, em condições precárias, às vezes sem banho e sem água.
Outro brasileiro Phelipe de Moura Ferreira também foi vítima e teria dito ao pai que sofria ameaças de ter os órgãos retirados além de sofrer tortura diariamente.
Os resgates foram feitos pelas autoridades tailandesas e, tanto os brasileiros, quanto outros estrangeiros, afirmam terem estado em um local chamado KK Park, uma “fábrica” de golpes da máfia chinesa.
Japoneses também foram vítimas

Foto ilustrativa de call center (PM)
As embaixadas japonesas na Tailândia e em Mianmar não confirmaram quaisquer danos causados a cidadãos japoneses, mas em 29 de janeiro, a embaixada japonesa na Tailândia alertou os residentes japoneses de que “estrangeiros aos quais foram oferecidas elevadas compensações através das redes sociais, podem estar envolvidos em atividades ilegais em Mianmar. Houve casos de pessoas sendo forçadas a trabalhar em locais públicos sem supervisão adequada”, alertou o ministério.
Jay Kritiya, que é responsável pela coordenação com a polícia e outras partes do grupo, disse ao Yomiuri Shimbun: “Ouvimos dizer que uma recompensa de 5 mil dólares (aproximadamente 770.000 ienes) foi paga a qualquer um que prendesse um japonês. Também parece que há planos para sequestrar mais cidadãos japoneses. Algumas pessoas viram anúncios de emprego para intérpretes japoneses, prometendo um salário mensal de 10 mil yuans (cerca de 220 mil ienes) em moeda chinesa.
Muitos dos estrangeiros envolvidos responderam a ofertas de emprego falsas e entraram via Tailândia. Foram sequestrados em carros ou outros veículos e levados ao Mianmar. Acredita-se que estejam espalhando falsas ideias de investimento e outros rumores para o mundo a partir da cidade de Myawaddy, na parte oriental de Mianmar. Eles podem ter sido ameaçados de violência. Algumas pessoas são forçadas à prostituição.
Máfia chinesa e o tráfico humano na fronteira entre os 2 países

Em vermelho, a cidade de Myawaddy, em Mianmar, fronteira com Mae Sot, cidade tailandesa (Google Maps)
Myawaddy é controlado por forças próximas ao exército nacional, e o cassino localizado lá é supostamente administrado pela máfia chinesa. Houve casos de pessoas que escaparam ou foram libertadas após pagar, mas aqueles que tentam escapar correm o risco de serem mortos.
A questão veio à tona quando um ator chinês desapareceu durante uma visita à Tailândia em janeiro. De acordo com a polícia tailandesa e outras fontes, o ator, que respondeu a uma oferta de emprego fictícia para um “trabalho de filmagem”, foi colocado em um carro após chegar em Bangkok e levado para Myawaddy. O ator foi resgatado pelas autoridades tailandesas e voltou para casa alguns dias depois. Quando foi resgatado relatou que foi vítima para “trabalhar” com outros 50 compatriotas.
40 bilhões de dólares para máfia chinesa fomentar as forças armadas

Foto ilustrativa de maços de dólares (PM)
De acordo com um relatório divulgado pelo Instituto da Paz dos Estados Unidos em maio do ano passado, o valor das perdas causadas por redes de fraudes envolvendo integrantes da máfia chinesa baseados no Sudeste Asiático ultrapassa 43,8 bilhões de dólares (aproximadamente 6,8 trilhões de ienes) por ano. Também foi apontado que parte do dinheiro dos danos está indo para as forças armadas nacionais.
O governo tailandês, país usado como “porta de entrada” para os recrutados para as fraudes da máfia chinesa, intensificou as verificações de estrangeiros em aeroportos na cidade de Mae Sot, no oeste do país, perto da fronteira com Mianmar. No entanto, um jornalista, 38, baseado em Mae Sot lamentou: “À medida que os grupos fraudulentos se expandem, o número de pessoas que recebem dinheiro deles e cooperam com eles aumenta, e os danos tornam-se mais sérios”, questionando a eficácia das medidas.
Cuidado para não cair nessa sedutora cilada da máfia chinesa
Por tudo isso, jamais caia no conto desses golpistas que fazem recrutamento através das redes sociais, oferecendo propostas de “bons empregos”, sempre tentadores, na Tailândia. Mas, na realidade será confinado para trabalhar exaustivamente sob ameaças da máfia chinesa, em Mianmar.
Fontes: Yomiuri e Carta Capital