Nem sempre a convivência é uma coisa muito fácil de se estabelecer, todos nós temos as nossas particularidades, nossos jeitos de agir, de pensar, e quando estamos dentro de um relacionamento, muito desses nossos modus operandi, podem não ser aceitos positivamente pelos nossos parceiros, e então se dão os conflitos.
A psicanálise trabalha com o conceito de que somos seres faltantes, a falta constitui o sujeito (Lacan, J.; 2005). Buscamos assim no outro o preenchimento dessa falta, criamos em nossa mente um ideal perfeito e quando nos deparamos com o real, com o que a outra pessoa é de verdade e tem todo o direito de ser, acabamos por responsabiliza-lo pela nossa expectativa frustrada. As divergências surgem, juntamente com os xingamentos, com as críticas destrutivas, muitas vezes na intenção de esconder a própria vulnerabilidade diante da situação e da possibilidade da perda do objeto de desejo. Esta situação não trabalhada, acaba virando um ciclo vicioso, provocando muita dor, ressentimentos, o que pode levar aos abusos, violência doméstica e outras situações.
Então, o que fazer?
É preciso minimamente respeito, respeito ao que você e o outro são. Buscar sempre separar o que é de cada um subjetivamente falando. Entender que dentro de uma relação é preciso preservar as individualidades, respeitar os espaços, compreender que os momentos de solitude, de lazer, as amizades individuais necessariamente não precisam ser vistas como algo negativo e intencional ao desajuste do par.
É claro que a convivência proporciona muitos momentos felizes e as discussões fazem parte do processo. É preciso estar aberto a escuta e diálogo sincero, identificar quais são os sentimentos e situações que estão incomodando, transmitir a mensagem de maneira clara sem imposições ou cobranças, criar um canal onde os diferentes pontos de vista possam ser explicitados, e juntos buscarem chegar a uma solução que possa fazer sentido aos dois. Será essa comunicação que possibilitará a saúde da relação e um maior entendimento entre as partes. O respeito é sempre a base de tudo.
Lacan, J. (2005). O seminário, livro 10. A angustia. Rio de Janeiro; Jorge Zahar editora. (Originalmente publicado em 1962)
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