Em tempos difíceis de COVID, pessoas tem buscado cada vez mais se protegerem de um possível contágio. A intensificação das medidas de higiene, o aumento do isolamento social, a diminuição dos momentos de lazer e a autovigilância podem efetivamente provocar um estado maior de estresse também entre os Brasileiros no Japão ou em qualquer lugar do mundo.
Para muitos, essas manias de limpeza, de cuidados de proteção quando ocorrem de forma obsessiva e compulsiva, parecem ser engraçadas, mas elas estão longe de ser piada.
Então como não confundir um maior cuidado, um costume, com o TOC?
O TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) é um transtorno mental caracterizado pela presença de obsessões, compulsões ou ambas. O DSM-5 define obsessões como pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciadas como intrusivos e indesejados, enquanto que compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que um sujeito se sente empurrado a praticar em resposta a uma obsessão ou de acordo com as regras que devem ser aplicadas rigidamente.
As obsessões ou compulsões tomam tempo ou causam sofrimento clinicamente significativo, prejuízo no funcionamento social, laboral ou em outras áreas importantes da vida do sujeito.
Muitos indivíduos com TOC têm crenças disfuncionais, que podem incluir senso aumentado de responsabilidade e tendência a superestimar a ameaça; perfeccionismo, intolerância à incerteza; importância excessiva dos pensamentos e necessidade de controlá-los com algum outro pensamento ou ação.
Essas ações passam a ser verdadeiros rituais, são realizados como uma forma de evitar um mal, algo ruim que elas imaginam acontecer se elas não os cumprir. Conforme o tempo vai passando e a doença não é tratada, esses comportamentos se agravam. Cerca de 30% de sujeitos com TOC, apresentam um transtorno de tique ao longo da sua vida e é mais comum esses tiques acontecerem no sexo masculino com início do TOC na infância. A taxa de TOC no sexo feminino é mais alta, porém se dá mais tarde. O diagnóstico não é fácil, entre perceber os sintomas e recorrer a ajuda médica podem levar entre 10 a 15 anos. Mas o tratamento é importante para poupar sofrimentos e melhorar a qualidade de vida.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), de 1 a 2 % da população mundial sofre desse mal e incluiu o TOC na lista das dez doenças, entre todas as especialidades, que mais produzem incapacidade.
Causas
Os avanços dos estudos científicos sobre a doença caminham na direção que aponta para uma combinação entre fatores biológicos e influências do ambiente, já que traumas e fobias podem acabar precipitando o surgimento do TOC.
Atenção: nem todas as nossas manias devem ser confundidas com o transtorno. O TOC provoca sofrimento e prejuízo funcional.
Alguns tipos de TOC
Busca exagerada por limpeza, ordem ou simetria; realização de atos repetitivos considerados proteção (ex. orar, contar); checar várias vezes se ação foi realizada (ex. fechamento da porta, desligar o fogão); acumulações; arrancar os próprios cabelos (tricotilomania); auto lesões, escoriações (Skin-picking), etc.
Tratamento
O tratamento se dá de maneira conjunta entre psiquiatria, psicologia e o comprometimento do paciente.
Se me permitem sugerir, assistam ao filme espanhol TOC TOC do Diretor Vicente Villanueva/2017. Ele conta a história de diversos pacientes à espera de uma consulta, onde cada um deles apresenta um TOC diferente de uma forma bem humorada, porém é possível observar as diversas faces do problema bem como o sofrimento que ele causa.
Lembre-se sempre: quem melhor pode cuidar de você, é você mesmo!
Boas reflexões!
Eliana Nonaka
Se deseja conversar, desabafar ou busca orientações, entre em contato com a autora e solicite atendimento online. É mais prático e eficaz do que se imagina. Link no card abaixo.
American Psychiatric Association. (2014) Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. DSM-5. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10 ¾ descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artmed 1993 Toc toc. Direção: Vicente Villanueva. Produção de Mercedes Gamero Mikel. Warner Bros. Picture. Espanha 2017
Se deseja conversar, desabafar ou busca orientações, entre em contato com a autora e solicite atendimento online. É mais prático e eficaz do que se imagina. Link no card abaixo.