O tema relacionamento abusivo vem numa crescente e cada vez mais é recorrente ouvir e ler sobre notícias de mulheres assassinadas, por parceiros ou ex-parceiros e mesmo as que permanecem vivas, carregam consigo marcas muito profundas e dolorosas.
Embora seja mais comum associarmos relações abusivas às relações amorosas, elas se dão também no âmbito da família, da amizade e do trabalho.
Podemos assim entender que relacionamento abusivo é o que acontece entre duas pessoas que se relacionam onde existe um excesso de poder, no qual um ser é subjugado ao outro. Aqui iremos tratar do relacionamento abusivo dentro das relações amorosas, onde na grande maioria das vezes é mais comum as mulheres sofrerem o abuso.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), três em cada cinco mulheres no mundo já sofreram ou sofrem algum tipo de relacionamento abusivo. Esses abusos podem ser físicos, verbais, psicológicos, etc.
Como reconhecer, então, um relacionamento abusivo?
O início de um relacionamento abusivo é como todos os outros, com muita atenção, carinho, muito envolvimento e demonstrações de afeto. Por tudo parecer tão normal é que fica difícil a sua identificação.
O tempo passa e o abusador que pode ser do tipo perverso (que sente prazer na prática) ou do tipo que reproduz o comportamento de abuso (aprendido desde a sua infância), se mostra mais ciumento, começa a interferir na maneira que a sua parceira se veste e se arruma, palpita sobre suas amizades, família e começa a limitá-la, envolvendo-a numa trama sedutora convencendo-a de que nessa relação os dois se bastam.
Muitas vezes esses comportamentos podem ser confundidos com uma prova de amor, excesso de cuidado e assim se tornam aceitáveis e confiáveis.
No caminhar da relação, as coisas começam a se modificar, o ciúme aumenta de intensidade bem como o controle sobre a vítima. O isolamento de familiares e amigos é exigido, é dificultado o acesso financeiro, dá-se início as agressões verbais, as ameaças, ridicularizações diversas, mirando sempre na autoestima e no emocional da pessoa. O movimento do abusador é tão bem orquestrado que a vítima imagina ser ela a causadora de toda a situação e vive com medo de contrariar os desejos do abusador. Essa fase é chamada de tensão.
Em seguida temos a fase de explosão: o que já era ruim fica pior. Começam as agressões físicas, moral e até mesmo sexual. Nesse momento a vítima tende a buscar ajuda.
A terceira fase é chamada de lua de mel. O abusador jura sentir-se arrependido, busca a reconquista, consegue e promete não fazer mais mal algum. A vítima acaba cedendo e tempos depois a situação se repete, desta vez com o intervalo mais curto entre as fases e as agressões muito mais violentas.
Por que é difícil sair de um relacionamento abusivo?
Não é tarefa muito fácil se reconhecer dentro de um. Acredito que aqui a grande maioria tem em sua constituição modelos de famílias onde o patriarcado muito mais do que nos dias de hoje, se fez senhor de normas e imposições.
A figura da mulher sempre foi vista com desigualdade e subserviência, sair desse lugar é muito custoso, leva tempo e muito trabalho para uma desconstrução e um possível empoderamento.
Pensando nas mulheres que vivem no Japão, muitas têm filhos, ganham menos que os homens, dependem deles para ajudar na moradia, alimentação, transporte, algumas têm dificuldade com o idioma, com a cultura local, sem família, com poucos ou sem amigos. É possível imaginar o quanto pode ser difícil enfrentar uma situação de violência nessas condições!
Embora seja difícil, é preciso tentar quebrar esse ciclo. De que forma?
- Falando sobre o que está acontecendo com pessoas de sua confiança.
- É preciso buscar a possibilidade de uma rede de apoio.
- Em se tratando de Japão, procurar a polícia e o centro de apoio à mulher (女性相談所, josei soudan-sho) da prefeitura onde você está registrada como residente.
- É triste saber que algumas mulheres não conseguem se livrar das agressões mesmo depois de terem feito denúncias e acabam ceifadas. Para aquelas que trazem os traumas, os problemas psicológicos, as doenças psicossomáticas, é necessário além do apoio da família um acompanhamento psicológico e em alguns casos psiquiatria e outras especialidades conforme a demanda apresentada.
Não cabe aqui julgamento sobre o que faz o sujeito promover ou sujeitar-se a determinada situação. O papel da psicologia é acolhê-lo na sua dor, orientar e em conjunto com ele trazer as claras os conteúdos recalcados e reprimidos que o colocam nesse lugar de sofrimento, na tentativa de dar-lhe um novo sentido.
Boas reflexões!
Eliana Nonaka (toque para conectar no Facebook) ou (toque para conectar no Whatsapp).
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