Aumento de estudantes estrangeiros para aprenderem a tradicional culinária do Japão (Pixabay)
Para aprender e dominar a tradicional culinária do Japão (和食, lê-se washoku), a cada ano aumenta o número de estudantes estrangeiros. Este ano de 2017 o país recebeu 424 alunos, com aumento de 2,6 vezes em relação a 2014.
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Ao que tudo indica, o que colocou fogo nesse boom foi o registro da tradicional culinária do Japão como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O reconhecimento foi feito em dezembro de 2013 e, desde então, o aumento pelo interesse ao washoku é visível.
Segundo levantamento feito por um jornal chinês, este ano, o maior número dos estudantes vieram da China, com 134 pessoas. Também fazem parte da lista dos alunos estrangeiros, estudantes da Coreia do Sul, Vietnã, Taiwan e outros países, igualmente da Ásia.
Autêntica culinária japonesa: só 10% no exterior
Outro dado curioso levantado pelo jornal é que apenas cerca de 10% dos donos de restaurante de gastronomia japonesa no mundo são de fato japoneses. “Portanto, não há muitos restaurantes que oferecem a autêntica culinária tradicional do Japão”, destacou.
“Muitos deles não são genuínos, o que é uma das causas de mal-entendidos a respeito da cozinha japonesa”, apontou.
Com a vinda de estudantes de vários países do mundo, a expectativa é que eles aprendam os pratos autênticos. Assim, ao retornarem aos seus países poderão atuar como promotores da verdadeira culinária japonesa, analisou o jornal.
“Osechi ryori” são delícias de Ano Novo, desenvolvidas pela cultura alimentar do povo japonês (Pixabay)
Características da tradicional culinária japonesa – washoku
Segundo explicações do Gabinete da Indústria de Alimentos e da Cultura Alimentar, ligado ao Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca, há 4 características especiais em relação à culinária japonesa.
País longo de norte a sul, há natureza diversa e rica casada com as quatro estações do ano, bem definidas. Assim nasceu a cultura alimentar do Japão, chamada de washoku.
1. Respeito pelo sabor de cada um dos alimentos frescos da natureza
Ingredientes naturais estão enraizados em cada uma das regiões ao longo do arquipélago, de norte a sul. Distribuída geograficamente em terreno alongado, há montanhas, rios e vilarejos, banhados pelo mar, com uma rica natureza. Além disso, o país desenvolveu técnicas de culinária e utensílios de cozinha para acentuar e valorizar o sabor dos ingredientes. O ponto alto do washoku é que requer o mínimo de tempo para o processamento e preparo.
2. Equilíbrio nutricional que garante hábitos alimentares saudáveis
A base da culinária do Japão está no ichijusansai (escreve-se 一汁三菜), o que significa um prato “líquido” e outros 3 “sólidos”.
O “líquido” seria um suimono, onde se incluem o misso shiru, sopas e caldos.
Os “sólidos” sempre se compõem de um pescado e mais acompanhamentos, preferencialmente com vegetais da estação.
Dessa forma, obtém-se o equilíbrio nutricional. Além disso, ao usar bem o sexto sabor – umami – a tradicional culinária é composta de uma dieta de baixa gordura animal ou de óleos. Isso ajuda na prevenção da obesidade e promove a longevidade.
Típica bandeja de refeição “ichijusansai” (Ameblo)
3. Expressão da beleza da natureza na mudança sazonal
Uma das características é expressar a beleza da natureza e a mudança das quatro estações no local das refeições. Decoram-se os pratos com flores e folhas ou usam-se utensílios e cerâmicas, de acordo com cada estação do ano. Assim, os japoneses apreciam a sazonalidade.
Sazonalidade apreciada, respeitada e incorporada na culinária tradicional japonesa (Interior Heart)
4. Relacionamento estreito com os eventos anuais como o Ano Novo
A cultura alimentar japonesa foi desenvolvida com um relacionamento estreito com os eventos e cerimônias anuais. A “comida”, que é a bênção da natureza, é compartilhada e saboreada no mesmo horário, onde todos participam. Assim, se aprofundam os laços familiares, bem como os dos amigos da região.
Fontes: Record China e governo
Fotos: Ameblo, Interior Heart e Pixabay