
Um dos capturados que lutava pela Rússia (post do presidente no FB)
O envolvimento de cidadãos chineses na guerra da Rússia contra a Ucrânia parece fazer parte de um esforço de recrutamento “sistêmico” organizado por Moscou, e não de incidentes isolados, afirmou o presidente Volodymyr Zelensky na quinta-feira (10).
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Seus comentários foram feitos após as forças ucranianas capturarem dois combatentes chineses perto das aldeias de Tarasivka e Bilohorivka, na região de Donetsk.
“Continuamos a esclarecer todas as circunstâncias do envolvimento de cidadãos da China no contingente de ocupação russo”, afirmou Zelensky em um comunicado. “É óbvio que não se trata de casos isolados, mas de uma operação russa sistêmica, inclusive no território e sob a jurisdição da China, com o objetivo de recrutar cidadãos daquele país para a guerra“, disse.
China nega envolvimento do governo na guerra da Rússia
De acordo com Zelensky, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SSU) está conduzindo ações processuais com os indivíduos capturados e analisando informações adicionais relacionadas a outros potenciais cidadãos da China que participam de operações militares russas.
No mesmo dia, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, negou novamente o envolvimento de Pequim na guerra total da Rússia contra a Ucrânia, pedindo a Kiev que se abstenha de “comentários irresponsáveis”.
A declaração de Lin foi feita após o presidente Volodymyr Zelensky afirmar que 155 cidadãos chineses estavam lutando pela Rússia em território ucraniano.
“Pequim sabe disso. Os russos distribuem vídeos publicitários sobre recrutamento nas redes sociais daquele país”, rebateu Zelensky.
Quando questionado sobre os detalhes fornecidos pelo presidente ucraniano, o porta-voz de Pequim reiterou que “não somos parte disso”.
Recrutados por rede social para servir pela Rússia, em troca de cidadania

Ataque russo na Ucrânia, na quarta-feira, 9 de abril (Kyiv Independent)
Pelo menos 163 cidadãos chineses estavam servindo nas Forças Armadas da Rússia desde o início de abril, de acordo com um documento da inteligência ucraniana visto pelo jornal Kyiv Independent na quarta-feira (9).
Outro documento mostrava fotos e dados de passaportes de 13 recrutas da China que estavam sendo selecionados para servir no exército russo desde 2 de abril.
Zelensky destacou que os soldados da China foram recrutados por meio das redes sociais, como o TikTok, e que o governo está ciente da situação.
Chinês queria obter cidadania russa
“Quando estávamos escondidos em um abrigo de madeira, fomos atacados por um drone (ucraniano), e ele danificou minha arma”, disse um dos chineses capturados, para o Serviço de Segurança da Ucrânia (SSU).
Ele também afirmou que, em cativeiro ucraniano, era alimentado e, em geral, tratado melhor do que no exército russo.
Questionado sobre uma possível troca, o prisioneiro de guerra disse que não queria retornar à Rússia, mas gostaria de ir para a China. Ele também afirmou que Pequim não o estava procurando. Ele havia contatado seus pais uma vez, mas não lhes disse onde estava para que sua família não se preocupasse.
Na quarta-feira, o jornal ucraniano Pravda informou, citando autoridades militares ucranianas, que um dos soldados chineses detidos havia se juntado ao exército de Moscou com o objetivo de obter cidadania russa e pagou 300 mil rublos (cerca de 500 mil ienes) a um intermediário do seu país.
Fontes: Yomiuri, Ukrainska Pravda e Kyiv Independent