
Placa da montadora (ANN)
A Nissan Motor anunciou um novo plano de reestruturação empresarial – Re:Nissan – em seu briefing de resultados financeiros apresentado na terça-feira (13).
O plano Re:Nissan é doloroso, com o fechamento de 7 plantas e o corte de 20 mil empregos, incluindo os 9 mil anunciados anteriormente. Ou seja, um em cada 7 funcionários será demitido.
O presidente e CEO da Nissan, Ivan Espinosa, disse: “Nossos custos fixos continuam altos e não podem ser cobertos por nossas vendas atuais. Nosso objetivo é criar um sistema que nos permita garantir lucros sem depender de vendas”, e o plano Re:Nissan pretende cortar 500 bilhões de ienes em custos até o ano fiscal de 2026, em comparação ao ano fiscal de 2024, e transformar a montadora em uma geradora de lucros.
Ansiedade em Kanagawa e ‘gritos de desespero’

Ivan Espinoza, CEO e presidente da Nissan no briefing (ANN)
Como parte desse processo no plano Re:Nissan, o total de 17 plantas no mundo será reduzido a 10 até o ano fiscal de 2027 e aumentará sua taxa operacional para 100%.
Sobre as 7 que serão fechadas ou fundidas, Espinoza disse que “não posso dizer quais bases estão sendo visadas. No entanto, as nacionais também estão entre as candidatas“. Em relação às do exterior, Argentina e Índia já tinham sido anunciadas.
As plantas domésticas são 5, incluindo as subsidiárias, em 3 províncias: Kanagawa, Tochigi e Fukuoka. Isso lembra o plano de reestruturação do então presidente e atual réu Carlos Ghosn, em 1999, quando anunciou corte de 21 mil funcionários, um choque para a sociedade na época.
Segundo o Kanagawa Shimbun, na província onde a montadora tem sede e planta de produção, “há gritos de desespero de funcionários e subcontratados cujo desempenho empresarial inevitavelmente diminuirá.
‘Quais fábricas serão eliminadas?’ ou ‘O que acontecerá no futuro?’ são as perguntas mais ouvidas”, gerando ansiedade.
O Re:Nissan decidiu abandonar os planos de construir uma nova fábrica em Kitakyushu (Fukuoka) para produzir baterias de fosfato de ferro-íon-lítio para veículos elétricos (VEs). “Analisamos criticamente a situação do nosso negócio e percebemos que precisávamos fazer mais e avançar mais rapidamente.
A decisão de abandonar o projeto da fábrica de baterias é uma prova disso”, destacou o CEO.
Nissan pretende fazer parcerias, mas Honda nega

Sede da montadora, na cidade de Yokohama (ANN)
Além de reduzir custos, a Nissan também está trabalhando com diversas empresas parceiras para desenvolver estratégias de produtos adaptadas às características de cada mercado.
Por exemplo, na Europa, a empresa expandirá sua linha de veículos por meio da produção OEM com a Renault e, no Japão, trabalhará com a Mitsubishi Motors para desenvolver e produzir veículos kei, incluindo VEs, com foco nos principais segmentos de cada mercado principal.
Em relação à colaboração com a Honda, a empresa também planeja fortalecer os laços no âmbito de uma “parceria estratégica em inteligência automotiva e eletrificação”. No entanto, a Honda já se posicionou afirmando que “não deve ocorrer tão cedo”, segundo palavras do presidente Toshihiro Mibe, na noite de terça-feira.
Prejuízos sem precedentes mas Re:Nissan vai se concentrar nos 2,5 milhões de veículos em 2025
Por meio dessa seleção e concentração, a capacidade de produção da montadora deverá chegar a 2,5 milhões de unidades no ano fiscal de 2025, de acordo com o Re:Nissan. O número de plataformas de veículos será reduzido das atuais 13 para 7, diminuindo ainda mais os encargos de desenvolvimento.
“Esta foi uma decisão muito triste e dolorosa, mas se não fizermos algo agora, as coisas só vão piorar”, disse Espinosa, indicando sua intenção de prosseguir com o plano de reestruturação.
Os resultados financeiros anunciados nesse dia, do ano fiscal 2024, encerrado em março, mostram vendas de 12,633 trilhões de ienes, queda de 0,4% em relação ao ano anterior, e lucro operacional de 69,8 bilhões de ienes, queda de 87,7% em relação ao ano anterior.
O prejuízo sem precedentes foi de 670,9 bilhões de ienes.
Fontes: IT Media, Yomiuri, ANN e Kanagawa Shimbun