Homem desinfetando as mãos (ilustrativa/PM)
Preocupações crescem sobre quanto tempo o novo coronavírus pode sobreviver em superfícies – tanto que o banco central da China tomou medidas para limpar profundamente e destruir suas cédulas de dinheiro, as quais passam por várias mãos muitas vezes ao dia, em um esforço para conter o vírus.
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Não se sabe exatamente quanto tempo o novo coronavírus pode permanecer sobre superfícies contaminadas e objetos com o potencial de infectar pessoas, mas alguns pesquisadores estão encontrando pistas ao estudar comportamentos elusivos de outros coronavírus.
O que são os coronavírus
Os coronavírus são um amplo grupo de vírus comuns entre animais. Em casos raros, eles são o que os cientistas chamam de zoonóticos, o que significa que eles podem ser transmitidos de animais para humanos, de acordo com o Centro para Prevenção de Controle de Doenças dos EUA – CDC.
Oficiais não sabem qual animal pode ter causado o atual surto do novo coronavírus em Wuhan, na China. Mas anteriormente, estudos sugeriram que pessoas foram infectadas pelo coronavírus MERS (síndrome respiratória do Oreiente Médio) após entrar em contato com camelos, e cientistas suspeitaram que civetas foram as culpadas pela SARS (síndrome respiratória aguda grave).
Os coronavírus como SARS e a MERS persistem sobre superfícies inanimadas por cerca de 9 dias
Descobriu-se que esses coronavírus humanos, como a SARS e a MERS, persistem sobre superfícies inanimadas – incluindo metal, vidro ou superfícies de plástico – por cerca de 9 dias se essa superfície não for desinfetada, de acordo com pesquisa publicada no início deste mês no Journal of Hospital Infection.
Limpar com produtos domésticos comuns pode fazer a diferença, de acordo com a pesquisa, a qual também descobriu que coronavírus humanos “podem ser eficientemente inativados por procedimentos de desinfecção de superfícies com etanol 62 a 71%, 0.5% de peróxido de hidrogênio ou 0.1% de hipoclorito de sódio”, ou alvejante dentro de 1 minuto.
A nova pesquisa envolveu a análise de 22 estudos publicados anteriormente sobre coronavírus, a qual pesquisadores esperam que possa ajudar a fornecer uma visão sobre o novo coronavírus.
“Com base nos atuais dados disponíveis, eu dependeria primeiro de dados do coronavírus SARS, o qual é o parente mais próximo do novo coronavírus – com 80% de similaridade sequencial – dentre os coronavírus testados. Para o coronavírus SARS, a faixa de persistência sobre superfícies foi de menos de 5 minutos a nove dias”, disse o Dr. Charles Chiu, professor de doenças infecciosas na Universidade da Califórnia, São Francisco, e diretor do Centro de Diagnóstico Viral e Descoberta USCF-Abbott, que não esteve envolvido no novo estudo.
“Entretanto, é muito difícil extrapolar essas descobertas ao novo coronavírus devido às diferentes cepas, títulos virais e condições ambientais que foram testados nos vários estudos e a falta de dados sobre o novo coronavírus em si”, disse ele. “Mais pesquisas usando culturas do novo coronavírus são necessárias para estabilizar a duração que ele pode sobreviver sobre superfícies”.
Coronavírus podem se espalhar com mais frequência por gotículas de tosse ou espirro
O CDC observou que os coronavírus podem se espalhar com mais frequência por gotículas do trato respiratório, como as da tosse ou espirro, e os coronavírus em geral têm “baixa capacidade de sobrevivência” sobre superfícies – mas ainda há muito o que aprender sobre a nova doença causada pelo coronavírus, a Covid-19.
“Pode ser possível que uma pessoa possa contrair a Covid-19 ao tocar uma superfície ou objeto que tem o vírus e então tocar sua própria boca, ou possivelmente seus olhos, mas não acredita-se que possa ser o principal modo de propagação do vírus”, de acordo com o site do CDC.
Enquanto haja algumas similaridades entre outros coronavírus e o novo coronavírus, há algumas diferenças emergindo, também.
Covid-19 não é tão mortal quanto os outros coronavírus
“Parece também que a Covid-19 não é tão mortal quanto os outros coronavírus, incluindo a SARS e a MERS”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde – OMS durante uma coletiva de imprensa com repórteres na segunda-feira (17).
“Mais de 80% dos pacientes têm sintomas amenos da doença e vão se recuperar. Em cerca de 14% dos casos, o vírus causa doenças graves que incluem pneumonia e falta de ar. E cerca de 5% dos pacientes têm doenças críticas que incluem falha da respiração, choque séptico e falência múltipla dos órgãos”, disse ele. “Em 2% dos casos reportados, o vírus é fatal, e o risco de morte aumenta se tem mais idade. Vemos casos relativamente baixos em crianças. Mais pesquisa é necessária para entender por que”.
Enquanto a taxa de mortalidade do novo coronavírus seja menor em relação à SARS e MERS, ainda parece ser comparável à pandemia de gripe espanhola de 1918, disse em janeiro Neil Ferguson, professor de biologia matemática no Imperial College London.
“É uma preocupação significante, globalmente”, disse Ferguson, citando que ainda não compreendemos completamente a gravidade.
Ferguson disse acreditar que a taxa de mortalidade é provavelmente mais baixa por causa de um “iceberg” de casos mais amenos que ainda não foram identificados, mas ele destaca que os novos vírus se espalham mais rapidamente através de uma população.
“Mantenham-se informados, mas não entrem em pânico”, disse Chiu.
“Se você está preocupado, “minha recomendação seria lavar as mãos com frequência, evitar contato com pessoas doentes, seguir as recomendações de quarentena em casa de acordo com as mais recentes diretrizes da agência pública de saúde se você viajou recentemente à China ou teve contato com um paciente suspeito ou doente”, disse ele.
Mas em geral, “ainda é mais provável que você contraia influenza do que esse novo coronavírus, o que significa que você deve tomar a vacina contra a influenza também”.
De acordo com o CDC, o vírus da influenza pode sobreviver sobre algumas superfícies por 48 horas e potencialmente infectar alguém se a superfície não foi limpa ou desinfetada.
Fonte: CNN