Na antiguidade as sereias foram associadas a eventos não muito agradáveis na Europa, África e Ásia, com relatos de terem sido vistas pelos pescadores e marujos.
Uma múmia de sereia está na coleção dos tesouros do Templo Enju-in, na cidade de Asakuchi (Okayama). Guardada como uma preciosidade, o ser mítico tem cabeça e o membro superior de um primata e corpo de peixe, dentro de uma caixa, original, como foi encontrada.
A múmia da sereia foi colocada em uma caixa de kiri japonês, acompanhada de um texto em papel. “Uma sereia capturada em uma rede de pesca no mar de Tosa durante a era Genbun (1736-41)”, diz o texto em japonês, mas como a sereia chegou ao templo é desconhecido. Tosa é o nome antigo da atual província de Kochi.
Como é a múmia da sereia
Ela já foi objeto de estudos pois desperta grande curiosidade, com tamanho de cerca de 30 centímetros.
A parte superior do corpo lembra um primata, com órbitas voltadas para a frente, orelhas, nariz, cabelo e braços com cinco dedos, enquanto a parte inferior do corpo é coberta por escamas.
O sacerdote do templo decidiu entregá-la a uma equipe de pesquisadores da Universidade de Ciências e Tecnologia de Kurashiki, em Okayama, para ser estudada, sem ter que ser cortada ou serrada.
Os cinco pesquisadores iniciaram a investigação científica em fevereiro do ano passado na tentativa de descobrir o mistério da sereia. Na ocasião, Takashi Kato, professor de ciências da vida e paleontologia na mesma universidade disse: “As sereias foram objeto de adoração durante o período Edo e continuaremos a pesquisa do ponto de vista da lenda também”.
Mistério da múmia de sereia desvendado
Os pesquisadores realizaram todos os tipos de exames necessários, usando tecnologia de ponta. Pela primeira vez a sala de tomografia do hospital veterinário anexo foi usada para os cortes transversais de uma múmia de sereia.
O professor Takashi Kato, da equipe, afirmou: “Dos ombros para cima, a cabeça parece um mamífero, especialmente um primata. Mas os dentes não se parecem com os de um mamífero”. Segundo ele, mais se parecem com os répteis e peixes carnívoros.
Havia escamas no corpo inferior mas também nos ombros e nos braços.
Enfim, saiu o resultado e o mistério é finalmente desvendado.
A equipe de cientistas anunciou na terça-feira (7) que a múmia de sereia não tem o esqueleto principal, como a coluna e costelas, e que se trata de um boneco.
A metade superior do corpo, como a cabeça, foi feita de papel e gesso, enquanto que seria o tórax tinha pele de baiacu, com enchimento de pano, papel e algodão. A metade inferior do corpo foi feita com um peixe parecido com pescada, com pelos animais colados. Com base nas escamas que caíram, provavelmente foi feito nos idos finais do ano 1800, portanto, no século 19.
“Muitas pessoas da região unem suas mãos e seus pensamentos, os habitam nessa múmia. É feita de material que tinha vida, por isso, quero continuar a zelar por ela”, disse Hirozen Kuida, 61, o principal sacerdote do Templo Enju-in, ao saber do resultado científico.
Fontes: Asahi e RSK