Em relação às fraudes das 5 montadoras em relação à certificação da designação dos modelos, sabe-se que a questão da segurança como um todo não foi o motivo. Então, por que as montadoras japonesas estão sendo inspecionadas?
Mitsuhiro Kunisawa, crítico de automóveis, também atua como membro do comitê de seleção do Carro do Ano no Japão e colunista para as mídias relacionadas aos veículos tece comentários em relação à Toyota, Mazda, Honda, Yamaha e Suzuki, as 5 investigadas.
“Foram realizados testes independentes com padrões mais rígidos do que o governo nacional”, explica o crítico em relação à Toyota. “Em vez do Ministério de Terras, Infraestrutura, Transporte e Turismo (MLIT) e o setor privado brigarem, deveríamos pensar em como o Japão pode prosperar”, alfinetou.
Feita a soma dos veículos alvos de inspeção por causa da chamada fraude, passa dos 5 milhões de unidades. Todas as montadoras afirmam que foram realizados testes muito mais rigorosos do que os padrões estabelecidos pelo governo, por isso não há nenhum problema em relação à segurança.
“Acho que é com isso que os usuários estão mais preocupados. Quando as pessoas dizem coisas como fraude ou adulteração, penso que se perguntam se o seu carro é seguro. Olhando para os dados que foram anunciados desta vez, examinei-os cuidadosamente e concluí que não houve efeito na segurança”, afirmou o crítico e analista.
Toyota fez os testes ainda mais rigorosos, isso é fraude?
“Um exemplo do tipo de teste, anunciado pela Toyota, foi o de colisão traseira. De acordo com os regulamentos japoneses, deve-se verificar se a carroceria do carro pode suportar um impacto de 1.100 quilos. Porém, a Toyota realizou um teste com peso de 1.800 quilos e passou no teste. Isso significa que foi considerado fraude, embora atendesse a padrões mais rígidos”, explicou e questionou “como se vê isso?”.
Segundo ele, esse teste feito pela Toyota foi para verificar se não ocorreria vazamento do combustível. E tem um motivo sério para isso: nos Estados Unidos os veículos são maiores, portanto mais pesados. E é preciso realizar testes com pesos de maior impacto, pois a Toyota vende naquele país também. E isso constituiu fraude, fala com espanto.
“Muitos dos padrões rigorosos são mundiais. Os carros japoneses são vendidos em todo o mundo, por isso são capazes de atender aos padrões globais. Portanto, se enviarmos dados de teste que atendam aos padrões mundiais, eles também serão considerados fraudulentos, violados ou falsificados. Basicamente, as montadoras fazem isso corretamente e a Toyota tem cerca de 200 mil dados de testes”, explicou.
“Os sistemas de certificação precisam evoluir para algo que esteja em sintonia com os tempos, levando em conta não apenas a perspectiva do usuário, mas também a perspectiva da competitividade industrial”, disse um outro analista.
Modelo do sistema de designação do modelo
O sistema de designação do modelo ou tipo do Japão utiliza os métodos de teste estipulados pelos padrões das Nações Unidas. No entanto, numa conferência de imprensa no dia 3, o presidente do conselho da Toyota Motor, Akio Toyoda, disse que existe uma lacuna entre o “sistema” e a “realidade” no que diz respeito à designação de tipo. Sob o ponto de vista dele seria bom que tivesse uma discussão sobre o que fazer com o próprio sistema.
Confiança da indústria automobilística
Essa onda de fraudes abala a confiança em relação às montadoras, como aconteceu com a Daihatsu.
As empresas fornecedoras correm para confirmar a situação, incluindo o impacto nos negócios. À medida que a competição de desenvolvimento com intervenientes estrangeiros, como a China, se intensifica, há vozes que apontam para o estado atual do sistema de certificação da designação do modelo.
Ansiedade no mercado
“Acho que terá apenas um impacto temporário no mercado interno. É provável que haja efeitos indiretos, como exportações e produção local”, disse uma pessoa do meio da indústria de autopeças.
Os fornecedores das montadoras estão muito preocupados com a situação, pois não se sabe até quando a produção dos modelos alvo continuará suspensa, assim como a expedição.
Maior recall da história?
Pode acontecer de as montadoras não serem punidas com a suspensão da designação do modelo, como também pode ser que seja necessário fazer recall.
Pode ser que aconteça o maior recall da história no Japão. O futuro próximo ainda é incerto para as montadoras, fornecedores, funcionários, concessionárias e até para os clientes que dirigem esses carros e moto. O ministro Tetsuo Saito (MLIT) disse que “gostaríamos de avançar com as análises para que possamos compilar um relatório neste verão”.
Há uma expectativa de que essas investigações e consequentes relatórios em grande escala limpem a poeira da indústria automobilística sobre as solicitações das designações dos modelos e que ambas as partes criem um sistema que evite a ocorrência de fraudes no futuro.
A investigação na Yamaha já foi concluída. Na Suzuki, que iniciou na quinta, continua na sexta-feira (7).
Fontes: MBS, Newswitch, Shizuoka Shimbun e AutoCar