Visto como vilão para a saúde, o açúcar tem um potencial positivo. Quem afirma é Moses Murandu, enfermeiro na Inglaterra, e também membro da equipe da Faculdade de Educação, Saúde e Bem-Estar, da Universidade de Wolverhampton.
Murandu é um grande divulgador do estudo sobre a eficiência do açúcar no processo de cicatrização.
Quando criança, cresceu na pobreza do Zimbábue, país africano. Quando se machucava sua família aplicava sal no local. Segundo entrevista para a BBC, conta que nos dias de sorte, quando seu pai tinha dinheiro suficiente para comprar algo que doía muito menos, usava-se o açúcar.
Açúcar para cicatrizar feridas e ferimentos
Foi na tenra idade que ele descobriu o poder do açúcar para curar as feridas. Mas ficou surpreso quando, tendo sido recrutado para trabalhar como enfermeiro do Sistema Nacional de Saúde-NHS do Reino Unido em 1997, descobriu que o açúcar não estava sendo usado em nenhuma função oficial. Ele decidiu tentar mudar isso.
Agora, a ideia de Murandu finalmente está sendo levada a sério. Professor sênior em enfermagem de adultos na Universidade de Wolverhampton, Murandu completou um estudo piloto inicial focado em aplicações de açúcar na cicatrização de feridas e ganhou um prêmio do Journal of Wound Care em março de 2018 por seu trabalho.
Em 2009, ele recebeu o prestigioso Prêmio de Inovação em Pesquisa Científica da Fondation Le Lous e 25 mil libras para continuar seu trabalho pioneiro.
Murandu que fazer do açúcar um protagonista nos cuidados hospitalares, evitando o uso desmedido de antibióticos.
Como o açúcar age na cicatrização
A resposta é simples. Quando colocado diretamente na lesão e coberto por uma compressa, o açúcar cria o habitat úmido perfeito para as bactérias. Elas preferem os seus cristais ao invés da própria ferida. Assim o processo se acelera por si só na cicatrização, evitando qualquer infeção.
Qual tipo de açúcar
Segundo a matéria da BBC o açúcar que Murandu usa é do tipo granulado simples, “desse de adoçar o chá”, diz o pesquisador.
Nos mesmos testes in vitro ele descobriu que não havia diferença entre o uso de açúcar de cana ou de beterraba. O demerara, no entanto, não foi tão eficaz.
Murandu registra estudos de caso no Zimbábue, Botswana e Lesoto, onde ele estudou enfermagem. Entre os casos tem o de uma mulher que mora em Harare. “Ela teria a perna amputada quando meu sobrinho me ligou. Recomendei o uso do açúcar no ferimento, repetindo o processo”, conta. “Ela continua com sua perna”, finaliza.
O açúcar, presente em quase todos os lares, ainda não se tornou um santo remédio por causa da luta contra os laboratórios farmacêuticos que fabricam os antibióticos. Quem sabe, em breve estará na caixa dos primeiros socorros.
Fontes: BBC, Women’s Health e Universidade de Wolverhampton
Fotos: PxHere, Pixabay e Universidade de Wolverhampton