Carlos Ghosn está detido desde 19 de novembro de 2018 (Wikimedia/Thesupermat)
Duas das filhas de Carlos Ghosn foram até o Centro de Detenção de Tóquio pela primeira vez desde a prisão do pai que foi acusado de má conduta financeira há cerca de três meses.
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Maya e Nadine chegaram em um carro diplomático na segunda-feira (4) e saíram rapidamente para ir ao centro de detenção em Kosuge, nos arredores de Tóquio, onde o ex-presidente do conselho da Nissan está detido desde 19 de novembro sem falar com sua família.
As repetidas rejeições de soltura sob pagamento de fiança de Ghosn e sua longa detenção atraíram intensa análise internacional do sistema judicial japonês e sua prática de estender prisão preventiva de réus que se recusam a confessar.
A proibição sobre visita de familiares foi retirada após a promotoria em Tóquio ter acusado Ghosn em janeiro por subnotificar seu salário nos documentos financeiros da Nissan e fazer vários pagamentos através de uma subsidiária da empresa japonesa a um empresário saudita que o ajudou a tratar seus prejuízos após a crise financeira.
Contudo seus familiares hesitaram por algum tempo se deveriam fazer uma visita, por preocupações de que eles poderiam ser questionados pelas autoridades japonesas, de acordo com pessoas próximas da família.
Maya e Nadine decidiram viajar até Tóquio no domingo (3) após o pedido de soltura sob fiança de Ghosn ter sido rejeitado duas vezes pelo Tribunal de Tóquio, aumentando as probabilidades de que ele ficaria detido por mais meses.
Elas planejam ficar em Tóquio por uma semana e ver o pai uma vez por dia. O tempo máximo de visita sob as regras do centro de detenção é de 15 minutos.
Na manhã de segunda-feira as duas filhas de Ghosn saíram do centro de detenção após cerca de 1 hora e 20 minutos e foram embora em um carro diplomático com vidros filmados.
Em uma carta recente escrita ao Human Rights Watch, a esposa de Ghosn, Carole, criticou o sistema judicial japonês como “excessivamente severo”.
Ghosn, que também renunciou recentemente ao cargo de chefe executivo da Renault, parceira da Nissan, negou todas as alegações feitas contra ele.
Em sua primeira entrevista desde 19 de novembro, Ghosn disse ao Nikkei Asian Review que as acusações contra ele de má conduta financeira eram resultado de “conspiração e traição” por executivos da Nissan que estavam tentando bloquear seus planos para uma integração mais forte com a Renault.
Fonte: Financial Times