Um tribunal em Bangladesh condenou 16 pessoas à morte nesta quinta-feira (24) pelo assassinato de uma jovem de 19 anos queimada viva em abril que provocou revolta em todo o país.
Nusrat Jahan Rafi foi encharcada com querosene e queimada após se recusar a retirar uma queixa de assédio sexual contra o diretor da escola que ela frequentava.
“O veredito prova que ninguém sai impune de assassinato no Bangladesh. Nós temos a regra da lei”, disse o promotor Hafez Ahmed aos repórteres após a transmissão do veredito em um tribunal lotado.
Rafi foi atraída para a cobertura do prédio da escola religiosa onde agressores a pressionaram a retirar a queixa que ela havia feito na polícia. Quando ela se recusou, foi amarrada, encharcada com querosene e então queimada. Ela sofreu queimaduras em 80 por cento de seu corpo e morreu no hospital cinco dias depois em 10 de abril.
Sua morte causou revolta e também destacou um aumento alarmante em casos de assédio sexual no país do sul asiático com população de 165 milhões de pessoas.
Pessoas na capital Dhaka realizaram manifestações de dias buscando “punição exemplar” para os assassinos.
A primeira-ministra Sheikh Hasina havia prometido indiciar todos os envolvidos.
Rafi havia ido à polícia no fim de março para relatar o assédio sexual, e um vídeo vazado mostra o chefe da delegacia local registrando sua queixa, mas dizendo que não era “nada demais”.
Na época a polícia havia dito que uma das 18 pessoas inicialmente presas havia acusado o diretor da escola por ordenar o ataque.
O diretor “disse à elas que colocassem pressão em Rafi para ela retirar o caso ou matá-la se ela recusasse”, disse à AFP o superintendente sênior da polícia Mohammad Iqbal, que liderou a investigação.
Iqbal também disse que alguns daqueles presos eram colegas de classe de Rafi e que eles a amarraram com uma echarpe antes de atear fogo.
“O plano era passar o incidente como suicídio. Entretanto, ele fracassou após Rafi ter conseguido ir para o andar debaixo enquanto estava em chamas porque o echarpe queimou e acabou soltando suas mãos e pés”, disse ele.
Ativistas dizem que o assassinato expôs uma cultura de impunidade que rodeia crimes sexuais contra mulheres e crianças, e o fato daquelas que reportam assédio geralmente sofrerem retaliação.
Processos também são raros em casos de estupro e assédio sexual. Após o assassinato, Bangladesh ordenou que 27.000 escolas estabelecessem comitês para prevenir violência sexual.
Advogados de defesa disseram que apelariam contra o veredito de quinta-feira no tribunal superior.
Fonte: AFP/Japan Today