A Coreia do Norte cortou todas as linhas de comunicação com autoridades sul-coreanas, divulgou a mídia estatal nesta terça-feira (9), em protesto contra desertores que recentemente lançaram balões sobre a fronteira contendo panfletos criticando Pyongyang.
“Essa medida é o primeiro passo da determinação para encerrar completamente todos os meios de contato com a Coreia do Sul e se livrar de coisa desnecessária”, disse a Agência Central de Notícias da Coreia – KCNA.
As linhas de comunicação que serão cortadas incluem uma no escritório de contato intercoreano, assim como aquelas entre as forças armadas dos dois países e entre o escritório presidencial da Coreia do Sul e do Partido do Trabalhadores da Coreia, do Norte.
Ligações de rotina para a Coreia do Norte através do escritório de contato e linhas de comunicação militares às 9h já não eram respondidas, de acordo com o governo sul-coreano.
O presidente sul-coreano Moon Jae In tentou estabelecer laços amigáveis com a Coreia do Norte. Entretanto, a postura endurecida do Norte em relação ao Sul provavelmente testará ainda mais as relações frágeis entre os dois vizinhos.
Observadores dizem que a Coreia do Norte provavelmente continuará sua posição dura contra o Sul em uma tentativa de manter seu controle do país enquanto tenta minimizar o impacto da pandemia do coronavírus sobre sua economia.
A decisão de Pyongyang foi tomada na segunda-feira (8) em uma reunião com a participação da irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, Kim Yo Jong, e Kim Yong Chol, vice-presidente do partido dominante, divulgou a KCNA.
Kim Yong Chol enfatizou que a posição contra a Coreia do Sul “deveria se tornar completamente em uma contra o inimigo” de acordo com a agência de notícias.
Kim Yo Jong, primeira vice-diretora do departamento do Comitê Central do partido, alertou em uma declaração em 4 de junho que Pyongyang poderia eliminar um pacto militar com o Sul se Seul falhasse em evitar que desertores enviassem panfletos criticando o Norte.
Ela ameaçou desmantelar completamente um parque industrial na cidade de fronteira do país, Kaesong, assim como acabar com o escritório de contato que fica lá.
Em sua primeira cúpula em abril de 2018, Kim Jong-un e Moon assinaram uma declaração em que as duas Coreias concordaram em estabelecer um escritório de contato conjunto e cessar atos hostis, incluindo envio de panfletos, para eliminar o risco de guerra.
Kim Yo Jong cada vez mais se tornou uma face pública da Coreia do Norte em seus negócios com a Coreia do Sul. De acordo com uma declaração de um porta-voz de um partido emitida em 5 de junho através da KCNA, ela agora supervisiona políticas relacionadas ao Sul.
A ação norte-coreana mais recente ocorre após as duas Coreias terem visto pouco progresso em projetos de cooperação prometidos pelos dois líderes em uma série de conversas em 2018.
A Coreia do Norte ainda está enfrentando sanções econômicas internacionais destinadas a impedir suas ambições nucleares e de mísseis balísticos.
Após as ameaças de Kim Yo Jong, o governo sul-coreano disse na semana passada que estava planejando legislar uma proibição sobre envio de panfletos anti-Pyongyang através da fronteira.
Manifestações anti-Sul vêm sendo realizadas na Coreia do Norte há dias. Na segunda-feira, jovens e estudantes realizaram uma passeata nas ruas de Pyongyang protestando contra a dispersão de panfletos por desertores na fronteira, de acordo com a mídia estatal.
Fonte: Kyodo News and Culture